PÓ DAS ESTRADAS

Como não chorar diante do sofrimento das pessoas...as crianças que sentem fome, as que não tem um lar, sem roupas, doentes, desassistidas. Impossível não comover-se Que mundo é este? Matam-se! Odeiam-se! Exploram uns aos outros! Os inocentes estão sem saber o que fazer, à mercê de gente má. Muitas ocupações desnecessárias tomando nossos tempos e o principal ficando sem se fazer Já rompi com este mundo, mas este mundo nãqo me libertou de suas redes Sei, o amor é a solução, mas compete o amor o despertar. O amor não se impõe. Ele está sempre esperando uma mudança de nossos comportamentos Sinto-me prisioneiro nesta vida, tendo consciência e ao  mesmo tempo sem conseguir libertar-me das grandes estruturas que me envolvem, me compõem, me fixam no lugar que querem

Falam tanto para romper com o passado, e construir o futuro à partir do presente...bem, hoje irei contra tudo isso. Quero evocar minha infância e minha juventude. Meus pais vivos, meus parentes vivos. As festinhas nos fins de semana, e a alegria de ir nestes lugares. Sentar no colo de meu pai, brincar de queixo a queixo com mamãe. Como posso apagar estes momentos? Foram tão bons e felizes. Meu erro é o de mantê-los sempre na lembrança. Ora a vida continua, eu sei, mas estou ficando sozinho, e este mundo só me assombra. Quero chorar, mas só consigo quando estou sozinho, sem ninguém a me cobrar coragem, porque não consigo fingir diante deste mundo mau. Deus haverá de me dar forças para resistir ao mau.

Inventaram uma comemoração cronológica, porque estamos presos no tempo. Mas, de fato, não existem motivos de se comemorar. Cada vez sinto-me mais só, em autocomemoração? Matam, morrem, destroem, guerream, e ao fim comemoram...evocando o nome do Salvador!!!!! Como podem! Sinto que este mundo está prisioneiro de fetiches que ele mesmo criou e que não significam absolutamente nada. Se entro neles, torno-me um sem nada também. Também não lanço críticas porque aí me transformaria num nada sem nada, sem nenhum fetiche que é nada. Se estou no centro, ou na direita, ou na esquerda, se sou justo, ou injusto, se amo se desprezo, tudo isto vai sendo transformado em ilusões, quando percebo semelhanças nas diferenças. Meu tempo vai chegando ao seu termo. Resisto, mas aceito também. Ao final, resta defender uma humanidade dominada por pessoas más, o que vemos em nosso país. Um louco desequilibrado foi escolhido para incendiar o Brasil.

Como posso começar a análise deste tema. Bem, insuflaram os flamenguistas com a ideia de que seu time era invencível. E, depois da derrota para o Liverpool caiu a máscara, e a realidade se mostrou plena. Os jogadores foram muito badalados, mas não são tudo isso. Gabigol sumiu(lembrou o Gabigol da Inter), Bruno Henrique voltou ao que era no Santos, Diego dá muitas explicações, e Rodrigo Caio, bem, este fez como no São Paulo, erros grosseiros. Fico a pensar, como os torcedores estão tristes. A grande mídia incentivou tanto este povo flamenguista que pensei até em interesse político, de se querer dar o circo para distrair as pessoas das dificuldades financeiras que passam. Agora tudo volta ao normal. Bom mesmo foi o Santos de Pelé, o Mengo do Zico e o Tricolor do Telê E tá falado!

Uma parte de mim anda sôfrega, procurando soluções, e vendo tudo arrastar-se sem saídas. Outra parte, acorda cedo, e sai a passear com o cão. Uma outra parte, permanece quieta, ouvindo multidões anônimas que ecoam durante a noite. Outra ainda, acorda e grita, mas não tem eco... Um vai aos afazeres diários, enfrentando congestionamentos intermináveis, Outro, entra na igreja e reza pedindo forças, porque tudo pesa muito. Um grito vem do muito profundo, e se transforma em verso, nem conheço de quem se trata, mas sou eu. Muitos gritam e pareço surdo. Explodo em pensamentos contraditórios, enquanto me afoga a ordem dos poderosos. Ronda um espectro revolucionário convidando-me à explosão, à insurreição, à guerra. Outro espectro torna-me contemplativo. João Paulo Naves Fernandes 17/12/2019