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Nunca conheci ninguém que tivesse levado porrada

Esta frase da poema em Linha Reta, de Fernando Pessoa, ressoa em meus ouvidos e aperta meu coração constantemente. Quero afirmar neste instante, a todos, amigos e inimigos(não os desejo, mas existem), interessados e indiferentes, que me considero um pecador. Mais que isto, um grande pecador. Uma pessoa que já pecou muito na vida, e que luta cotidianamente, para sepultar os seus abismos interiores. Abismos horríveis de profunda insensibilidade própria, e para com os outros. Indiferença para com o destino das pessoas, se ela irão melhorar e alcançar a felicidade, ou entrarão em crise e sofrerão sem receber sequer suspiro meu. Pessoas que sofrem e me percebem indiferente. O Deus que visita o meu interior, sabe desta carga acumulada de descaso. Sabe que se deixar, isto pode me arrastar para a depressão. Por isso, me acorda, pela manhã, me envolvendo com seu aroma matinal, seu ressoar de cantos de pássaros e latidos de cães. Sabe que eu posso superar esta frieza que me assalta, convidando à desistência, sabe que eu posso buscar e alcançar o amor, ainda que se acinzente o meu ser. Quero romper com a indiferença com as pessoas, mesmo que a sociedade ache isto tudo natural. É possível islolar-me em meu canto, com os parentes, e achar que está tudo bem? Que o mundo é assim mesmo, e que não conseguirei resolver os problemas? Isto me leva a um ódio que faz inverter a revolta contra o sofredor, como que colocando nestes a culpa de minhas insatisfações, ao invés de ajudá-los. Luto em minhas orações por libertar-me destes pesadelos que desejam assenhorear-se em mim. Serei o único nestes labirintos sórdidos que levam a nada? Liberte-me Senhor de meus males. Torna-me puro. Quero apagar meus desertos habitados, e alcançar teus jardins.

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UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

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Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod