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AS ESTRUTURAS DO MAL - Quando as pessoas de poder perseguem os mais fracos



Tenho vivenciado, como profissional e consultor as mais diversas situações em diferentes empresas. Quero destacar neste caso a questão de como o mal pode  acabar penetrando fundo em uma organização, sem que se possa impedir, a ponto de contaminar o todo, ou grande parte do organismo institucional.

 Fala-se muito de "Visão da empresa", ou de "Filosofia de trabalho", quando se quer expressar a forma que se deseja incutir nas pessoas da organização o que consideram importante e representativo daquela instituição.

Deve-se ressaltar que, uma coisa é o que se deseja, e outra o que realmente acontece.

Sim, porque estou cansado de ver plaquinhas de "missão da empresa" exposta nas recepções destas, e basta um pouco de convívio para se perceber que são palavras soltas, perdidas, afixadas na parede para enganar aos clientes e fornecedores externos, e a si próprios, o que é pior ainda. Provavelmente acharam que aquilo é moderno e um decidiu pensar por todos, porque a empresa é dele.

Há uma grande diferença, imensa, entre liderança pessoal, e liderança empresarial. Nem sempre esta diferença está à vista, confundindo-nos. Porque as pessoas mudam de papéis com facilidade, expondo, ora uma preocupação corporativa, e um envolvimento aparentemente profissional, e, quando menos se espera, agem intempestivamente, utilizando a estrutura de poder que têm em mãos para exercer pressão sobre seus subalternos, estressando a si e a todos.

É próprio do líder temperamental querer vozes uníssonas, submissas, concordes. Impõe seus pensamentos, e obrigam os demais a se enquadrar no esquema. Não aceita a diferença, não aproveita as críticas, não enxerga a variedade e a disponibilidade de talentos, que jamais serão conformes, porque o mundo é cheio de novidades, e cada pessoa tem uma dimensão particular própria, que deve ser considerada, respeitada. É uma caracterísitca da vida. Não existem dois seres viventes iguais, graças a Deus.

Estes líderes, muitas vezes, quando experimentam o poder, tornam-se ambiciosos e prepotentes. Mas, como não conseguem novas fatias de poder, que é o que mais sonham, voltam-se contra os pequenos que lhes cercam, e imprimem-lhes uma voraz perseguição. Deixam-se levar pelo ódio, inveja, ciúmes. Não conseguem aceitar opiniões destoante, que logo ficam inseguros.

Grande é o prejuízo para uma organização, ter este tipo de pessoa no poder. Ele coloca o cidadão perseguido em quarentena, depois, vai retirando suas atribuições, para enfim justificar sua ineficiência.

Estes falsos líderes acham-se perfeitos em suas loucuras e querem que os demais compartilhem suas injustiças com eles. Lógico, que todos irão concordar, senão entram na degola também. É a chamada paz dos cemitérios.

Existem não poucas chefias estas condições. Ao assumirem o comando das áreas, têm-se a impressão que são bons e humanos, sensíveis aos problemas e às pessoas, mas, dali a pouco, enfurecem-se contra os que pensam deiferente, e vão perseguindo e tecendo esta maldade em todo setor, depois no departamento, divisão, por fim a empresa como um todo está sob uma estrutura do mal, travestida de eficiente e organizada, mas com um pouco de observação notamos o quanto sufocante, e persecutória ela é.

Seus fucionários (neste caso o termo colaborador não se coloca) são silenciosos, falsos, dizem sempre o que o chefe deseja ouvir, se pressionados repetem a voz do comandante para sobreviverem. Comentam nos cantos a respeito da falta de liberdade de expressão, mas por uma questão de sobrevivência deixam o barco correr, fingindo que está tudo bem.

Organizações inteiras, e mesmo governos podem chegar a este estado de coisas. Quando se instalam, quando algumas pessoas cheio destas maledicências se tornam poderosas, fica difícil retirá-las, porque as organizações nunca respondem rapidamente para com os erros de seus representantes, que estão no comando. Assim, o mal se instala, e, como diz o povão "só por Deus mesmo". É ficar calado e esperar.

O que é melhor, viver sob este império do mal, ou sair e tentar contruir algo de bom, construtivo, solidário?

Bem, sou de opinião de que seguir a verdade, ser justo e solidário é o principal.

São as questões éticas que devem vir primeiro. Até para ser coerente consigo mesmo, penso que é preferível confrontar-me com tais estruturas, do que conviver falsamente com elas, e contaminando-me do satanismo organizacional.

Romper, ser você mesmo, é preferível.

Não faz mal que veham dificudades. Nossa cabeça deitará no travesseiro e dormiremos, por não termos prejudicado pessoas inocentes e frágeis, só para manter-nos no poder.

É o que faço.

Por isso sou consultor, e quando treino grupos digo assim.

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