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Pequena Hermenêutica do Amor. ( a Vinicius de Morais)



Que o amor seja 

o do amanhã, 

mais do que 

do hoje, 

ainda que seja 

o mesmo.


Possa eu dizer 

um "te amo" 

que ultrapasse 

mantras, 

ressoe 

novas formas, 

sem perder 

o agora.


Amo-te 

num multiforme 

infinito, 

mais descoberto, 

do que amado.


Basta o gozo 

do agora,

e os méritos 

dos que vem 

de fora.


Deixe enlaçarem-se 

as línguas do tempo, 

vaginas de eras inteiras, 

enquanto abraçam 

novas formas, 

escondidas 

desde antes, 

quando se realizaram.


Por hora, 

entrega-me 

teu ser inteiro 

para eu inteiro, 

e sejam depois, 

escavações 

intermináveis.

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