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Coincidência da morte de ambientalista com a votação do Código Florestal.



Podemos considerar uma ironia do destino, um ocaso, a coincidência da votação do Código Florestal e o assassinato de José claúdio e sua esposa.

Um mundo que exige desenvolvimento acelerado, para dar conta dos inúmeros jovens que anualmente entram no mercado de trabalho. A China com uma média de 10% de crescimento anual, e o Brasil com 7, 8 %, até o ano passado. Os EUA imprimindo dólar aos borbotões para desvalorizar as moedas emergentes, e frear as suas exportações.

Mundo que é obrigado a reconhecer que o campo exige mudanças que o adequem às novas exigências do mercado internacional.

Mundo de guerras e atrocidades de toda ordem, e em escala crescente.

Com desastres naturais se intensificando em todas as partes. Com intolerância religiosa, política, e com todas as minorias. Com a descaracterização da família.

Uma votação do Código Florestal que atende a maioria do governo e da oposição, deixando isolados os ambientalistas e as ongs internacionais, demonstrando consenço no país nesta questão, polêmica.

Como alguém quer viver da floresta, fazendo óleo de castanha, confeccionando bolsas e bijouterias com sementes, enquanto a produção econômica do campo acompanha a voracidade do mercado mundial? É uma competição desigual, mortal. É querer voltar à idade média, na pós-comtemporaneidade.

Enquanto isso a morte, à moda antiga, encomendada, continua desde Chico Mendes.

Exigimos apuração completa e prisão dos criminosos e mandantes deste crime onde até a orelha de José Cláudio foi arrancada, para o assassino provar ao mandante que ele foi assassinado.

Eu não acredito no acaso.

Acredito, isto sim, num Deus que acompanha e faz a História, e diz o que Ele quer através de várias formas, entre elas os acontecimentos.

E neste acontecimento em especial, Ele nos diz que a aprovação do Código Florestal continuará acompanhado da morte dos pequenos, dos defensores do campo e de suas reservas.

Aqueles que defendem a preservação dos recursos naturais, que sentem necessidade das gerações futuras usufruírem das matas e de águas limpas, com a preservação da flora e fauna, continuarão a sofrer, mesmo com o Código que foi votado.

É a sina no homem do campo.

A nossa homenagem a este novo herói do povo brasileiro, este novo santo assassinado, este revolucionário quixotesco.

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