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A polêmica da palavra "Alá" na Malásia: sacerdote católico é interrogado por utilizar a palavra Alá para designar Deus

Duas horas cara a cara com a polícia: diretor do semanário católico Herald é acusado de "sedição". Muçulmanos de todo o mundo debatem a polêmica
10 de Janeiro de 2014 (Zenit.org) - A agência AsiaNews noticiou que a polícia da Malásia entregou ontem ao Ministério Público do país as atas do interrogatório a que foi submetido o pe. Lawrence Andrew, diretor do semanário católico “Herald”, da arquidiocese da capital, Kuala Lumpur.
O sacerdote caiu na mira das autoridades devido às suas recentes declarações sobre a polêmica do uso da palavra "Alá" por parte de não muçulmanos. Ele está sendo investigado por suposta "sedição". Fontes católicas relatam que a situação local “está muito difícil” e que o pe. Lawrence não tem a intenção de fazer declarações oficiais à imprensa, para não alimentar ainda mais a polêmica.
O Ministério Público, por sua vez, tem negado os rumores de possíveis novos convites ao pe. Lawrence para comparecer perante as autoridades depois de ter criticado a apreensão de centenas de exemplares da bíblia por autoridades islâmicas de Selangor.
Em 7 de janeiro, o pe. Lawrence foi interrogado durante duas horas pela polícia da capital: o motivo foram as declarações feitas pelo sacerdote de que as organizações e instituições islâmicas não têm direito nem jurisdição para interferir em instituições e associações cristãs.
O padre acrescentou que as igrejas da região continuarão usando o nome de "Alá" para descrever o Deus cristão nos cultos de domingo, porque a proibição de empregar a palavra se aplica somente à publicação “Herald”.
Junto com o sacerdote, foram interrogadas outras 99 pessoas. A polícia já confirmou o fim das investigações e agora cabe ao Ministério Público malaio avaliar as posições individuais e decidir se haverá processos. À polícia, o pe. Lawrence forneceu várias provas, incluindo textos antigos e edições de bíblias, para mostrar que a palavra "Alá" é usada pelos cristãos há séculos.
O caso ultrapassou as fronteiras da Malásia e abasteceu um incendiado debate entre os muçulmanos de todo o mundo. Muhammad Musri, imã e especialista em lei islâmica nos Estados Unidos, chegou a se dirigir ao governo de Kuala Lumpur pedindo que a justiça autorize os cristãos a usarem a palavra "Alá". "Eu sou especialista em islã e aprendi o alcorão de cor", diz ele, que considera que a decisão do tribunal de proibir os cristãos malaios de usar o termo é "contrária aos valores do islã" e deve ser revista, já que se trata de um "erro trágico".
Na própria Malásia, a intimação ao pe. Lawrence chamou vasta atenção. Ela aconteceu poucos dias depois que funcionários do Departamento Religioso Islâmico invadiram a Sociedade Bíblica da Malásia em Selangor e apreenderam 320 exemplares da bíblia em língua malaia, além de reterem, durante algumas horas, dois membros da comunidade cristã local.
A blitz islamita nas instalações da sociedade cristã entra na polêmica levantada pelo uso da palavra "Alá" por parte dos não muçulmanos. Em outubro passado, o Tribunal de Recurso proibiu o “Herald”, publicação católica da arquidiocese de Kuala Lumpur, de usar a palavra "Alá" em referência ao Deus cristão. O pe. Lawrence, diretor da publicação semanal, entrou com pedido de recurso contra a sentença.
Após o veredito, funcionários do Ministério do Interior bloquearam 2.000 exemplares da revista no aeroporto de Kota Kinabalu, Estado de Sabah, "justificando" o gesto com a necessidade de verificar se a publicação estava mesmo cumprindo a ordem e se não havia “uso indevido da palavra Allah”.

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