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Evento do governo marca os 20 anos do genocídio no Ruanda

7 DE ABRIL DE 2014 - 15H20 

A capital do Ruanda, Kigali, marcou os 20 anos desde o genocídio que deixou 800 mil mortos, em 1994, nesta segunda-feira (7). Em um evento no estádio de Amahoro, milhares de pessoas reuniram-se para prestar homenagens, garantir a memória e escutar sobreviventes do massacre que durou 100 dias, com o respaldo do governo Hutu à matança da minoria Tutsi e dos Hutus que os protegiam.


Arquivo histórico
Em 1994, milhares de ruandeses refugiados deixavam o país ou as suas vilas para buscar proteção durante a campanha genocida de 100 dias respaldada pelo governo, que resultou em 800 mil mortos.
Em 1994, milhares de ruandeses refugiados deixavam o país ou as suas vilas para buscar proteção durante a campanha genocida de 100 dias respaldada pelo governo, que resultou em 800 mil mortos.
O presidente Paul Kagame e outras autoridades estiveram no evento para prestar tributo aos 800 mil Tutsis e Hutus moderados que foram brutalmente assassinados por milícias e oficiais do governo, entre abril e junho de 1994, neste país centro-africano.

“Por trás das palavras ‘jamais novamente’ há uma história cuja verdade precisa ser contada de forma completa. Não importa quem você seja e quão desconfortável”, disse Kagame à multidão, também em referência à França. Kagame acusa soldados franceses participantes na operação militar Turquesa (desencadeada em junho de 1994, sob mandato das Nações Unidas) de terem sido “cúmplices” e “atores” de massacres.

“Les faits sont têtus” (“os fatos são teimosos”), completou o presidente, em francês. A representação diplomática francesa desistiu de participar do evento depois de uma entrevista com Kagame na revista semanal Jeune Afrique (Jovem África), em que ele afirmou a necessidade de a França lembrar como contribuiu para a execução do genocídio, em 1994, com seu apoio ao governo. Já o embaixador francês no Ruanda Michel Flesch disse que a sua acreditação foi revogada.

No estádio de Amahoro, a dor deste aniversário foi demasiada para alguns, que relembravam o trauma dos 100 dias de horror instaurados neste dia, há 20 anos, após a morte dos presidentes do Ruanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira, ambos Hutus, no dia anterior. Habyarimana assinara o Acordo de Arusha, em 1993, em que concordava com a partilha de poder com os Tutsis, para encerrar uma guerra civil de três anos.

O sobrevivente do genocídio, Fidele Wamuhizi, contou sobre a sua experiência em kinyarwanda (ou quiniaruanda, a língua oficial do país, junto com o francês, devido à colonização belga), o que perturbou muitos dos expectadores, que recordavam sobre a sua própria história.

A secretária-geral da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, também se dirigiu aos que participavam da cerimônia, dizendo: “Devemos isso a nossas crianças e aos filhos delas, lembrar as 300 mil crianças mortas,” no genocídio ruandês.

“Nós poderíamos ter feito muito mais, deveríamos ter feito muito mais,” disse o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, referindo-se ao papel da organização, que mantinha uma missão de manutenção da paz no país desde o ano interior.

“São 20 temporadas de luto. Este é um dia que não pode ser esquecido,” disse a ministra das Relações Exteriores do Ruanda, Louise Mushikiwabo. No pós-genocídio, há 20 anos, continuou, “os ruandeses sentiram-se sozinhos em seu luto. Hoje, amidos de todo o mundo juntam-se a nós para marcar a tragédia da nossa nação.”

Com informações do portal All Africa,


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