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Povo da rua agora levanta mais cedo, e corre o risco de não comer

Nós que andamos às noites de sexta-feira visitando, evangelizando e sendo evangelizados pelo povo de rua, percebemos que há uma rejeição da Prefeitura de São Paulo quanto a distribuição de alimentos, que várias comunidades fazem(católicas, espíritas e evangélicas).

Parece que os distribuidores são os responsáveis pelo aumento da quantidade de gente que pernoita nas calçadas. Ora, este aumento de "lumpen" tem explicação na falta de oportunidades de trabalho, de descaso dos órgãos públicos que não tem uma política para oferecer, de atividades produtivas que resgatem a dignidade desta gente. Aí, sem fazer nada, ficam querendo descontar contra os distribuidores de alimentos noturnos. É de mais, não?

Bem, na noite de sexta, encontramos pessoas muito diferentes e interessantes. O primeiro chama-se Ananias. Apareceu escondendo o rosto, e misturando tudo quando falava, mas permaneceu conosco um bom tempo, e quando lhe pergantávamos algo, ele respondia com lógica e bom senso. Uma abandonado, só e esquecido de tudo e de todos(lógico menos de Deus).

O segundo, que me fogre o nome agora, mostrou tal serenidade e conhecimento da palavra de Deus, sem arrogância, que nos deleitamos ouvindo-lhe as palavras. O terceiro acontecimento interessante, foi de um grupo de três que vieram nos pedir orações, mas demonstrando descaso, e até um desrespeito, pois enquanto orávamos eles brincavam no meio de nós. De repente, um deles, o Washington, começou a rezar a Ave Maria com voz alta e de forma meio estranha. Não deu outro, num grito caiu repentinamente no chão tendo saído do mesmo alguns demônios.

Continuamos as orações, e o mesmo às vezes gemia no chão. Tem um ditado popular que diz que com Deus não se brinca, e eu arrisco a dizer que não tripudie a mãe de Jesus, que o filho vem em seu socorro. Pois em Gênesis diz a palavra que a mulher pisará com o pés a cabeça da serpente.

Mais tarde encontramos um jovem querendo nos vender uma fita vermelha para ganhar um tostão. Dissemos-lhe que estávamos ali para orarmos com ele, e assim fizemos. Ele chorou e enxugando as lágrimas disse que havia chorado desde o dia anterior, mas que não podia chorar à vista das pessoas pois seria discriminado. Lembramos-lhe que seu choro era de seu espírito, que estava distante de Deus, e que ele aproveitasse daquele momento para cultivar uma relação mais próxima com o Criador.

Bom, já escrevi demais. Aos amigos que lerem meditem. Grande abraço.

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