Uma parte de mim
anda sôfrega,
procurando soluções,
e vendo tudo arrastar-se
sem saídas.
Outra parte,
acorda cedo,
e sai a passear
com o cão.
Uma outra parte,
permanece quieta,
ouvindo multidões
anônimas
que ecoam
durante
a noite.
Outra ainda,
acorda
e grita,
mas não tem eco...
Um vai
aos afazeres
diários,
enfrentando
congestionamentos
intermináveis,
Outro,
entra na igreja
e reza
pedindo
forças,
porque
tudo
pesa
muito.
Um grito
vem
do muito
profundo,
e se transforma
em verso,
nem conheço
de quem
se trata,
mas sou
eu.
Muitos
gritam
e pareço
surdo.
Explodo
em pensamentos
contraditórios,
enquanto
me afoga
a ordem
dos poderosos.
Ronda
um espectro
revolucionário
convidando-me
à explosão,
à insurreição,
à guerra.
Outro
espectro
torna-me
contemplativo.
João Paulo Naves Fernandes
17/12/2019
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