Pular para o conteúdo principal

Se perguntarem por mim, viajei.



Estou seco de palavras.

Façam o que quiserem,
não me importo.

Nem de escrever
tenho vontade,
por saber
que não adianta
nada.

Tudo continuará a ser como é.

Hoje quero deitar-me na cama
e esquecer que existo. 

Porque vejo 
sempre o mesmo:
mesmas opiniões
mesmas discussões
mesma marcação
de posição..
mesmos beijos
mesmas ladainhas.


Chega!

Nada muda.

Então 
 poupem-me
de tanta
inutilidade.

Vou fingir
que viajei,
 estou no estrangeiro,
 e vocês,
 finjam
que estou fora!

Deixem-me
conscientizar-me
de que o mundo
é vulgar
e superficial
mesmo,
ir bem fundo
nesta visão,,
que em algum
instante
 voltarei
a ocupar-me 
do trivial
e respirarei
o ar
da sequência
dos acontecimentos.

Mas por hoje
não!

Por favor
nem leiam,
para não se 
contaminarem
com esta 
depressão 
existencial.

Quando vem
esta dor
na mente
no coração,
nem o amor
nem a esperança
ou a fé
são capazes
de levantar-me.

Nestes dias
nem Deus
vem ao meu
encontro;
mas dá-me tempo
para separar
o nada
que inunda
o tudo,
e veja
que apenas 
Ele sobra.

Como sou um tolo
permaneço deitado.
acreditando
num mundo diferente,
límpido
franco
sem voltas
contornos
barreiras
dominações.

Ao final
 percebo-me
pior do que
do que tudo
que se revela
à minha frente,
e num  raio
de lucidez
com estupidez,
retorno
ao mundo,
como se não 
tivesse
acontecido
nada.

Se ficou algo
disto tudo?

Talvez a perda
de um sorriso
e uma visão
distante
da vida.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod