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Uma visita reversa


Encontro do nosso grupo de Pastoral da Saúde ao final de uma tarde de visita aos quartos, comemorando o aniversário do Sr. José, o quarto da esquerda para a direita.



Hoje, depois de uma longa ausência, retornei às visitas aos doentes que estão no HC.

Estive num quarto onde estava um jovem, recuperando-se de um acidente de moto, com sua mãe ao lado.

O seu nome: Marcos.

Isabel, a sua mãe.

Eu estava sem o avental, obrigatório (não encontrei em casa), mas tinha a Bíblia em mãos, quando entrei no quarto.

Logo de início notei, um santinho e um terço sobre o criado-mudo, e a primeira impressão que passei era a de ser um pastor evangélico.

Por isso, fui logo me apresentando como um Agente Pastoral da Igreja Católica, porque notei olhares de desconfiança.

Ao declarar isto, o clima ficou descontraído, porque, realmente, eles eram católicos e aguardavam a presença de alguém da Igreja.

O Marcos lembrou que antigamente, no HC, havia música com violão e muitos Agentes Pastorais da Igreja.

Foi quando percebi que ele tivera o acidente de moto em 2002, isto é há 12 anos atrás.

Que batalha longa esta, que eles nem percebiam.

Disse-lhe que provavelmente aquele violão era tocado por mim, pois estou há 19 anos no HC.

Marcos era para ter perdido a perna pois o acidente fora muito forte.

Dona Isabel  disse-me que no dia do acidente, tivera um pressentimento do que aconteceria, e pediu ao filho para não sair de moto e guardá-la, o que não aconteceu.

Refletimos que o Espírito Santo muitas vezes nos fala, nos alerta, nos informa previamente, esperando que ajamos para resolver as situações. No mínimo Deus nos fala antes para que saibamos que Ele tem controle de tudo.

Enfim contaram muito sobre o seu caso, e estavam muito cheios de fé.

Vou confidenciar a vocês: A fé destes dois iluminou a minha fé tão pequena e ridícula, porque ele lembrou o que eu era há 12 anos atrás, e como estou hoje.

Não sou o mesmo de 12 anos atrás, nem era para ser. Mas admiro-me de como era naquela época, pouco calejado, puro mesmo no ministério.

Posso concluir que o enfermo era eu, um enfermo espiritual, e eles os sadios.

Jesus Cristo deve estar concordando comigo nesta reflexão.

Visitante visitado.

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