"Assim, pouco a pouco, vai esta noite tirando o espírito do seu modo ordinário e vulgar de sentir, e ao mesmo tempo elevando-o ao sentir divino, o qual é estranho e alheio de toda maneira humana. A alma julga então viver fora de si, no meio destas penas; outras vezes põe-se a pensar se será encantamento aquilo que experimenta, ou algum feitiço; anda maravilhada com as coisas que vê e ouve, parecendo-lhes estranhas e peregrinas, e, no entanto, são as mesmas de sempre. A razão disso é estar-se afastando e se alheando do modo comum de sentir e entender tudo; e assim aniquilada quanto a esse modo natural, vai sendo transformada no divino, que é mais próprio da outra vida do que desta".
Um partezinha do Livro II, cap IX da Noite Escura, de São João da Cruz.

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