A casa já não está lá mais. Meus pais se foram. Meus irmãos também se foram. Fico eu só Patriarca das solidões. As decisões atuais reviso pelo passado. Encontro o presente na história ausente. Ninguém abraça a solidão. Ninguém diz: -Ah... como é bom estar só. Somos sociais apesar das grandes ausências. Não se foge da solidão, ela vem sem consentimento sem rejeição com a bolsa cheia de verdades escondidas. Chega o tempo em que vamos sendo esquecidos por todos, ciclo natural do envelhecimento e somos jogados na solidão. Neste instante, ela se faz de sua parente, mãe, pai, irmãos, ente ausente. E projetamos internamente, profundas revisões dos caminhos trilhados e não realizados. Projetamos uma solidão de fim como se estivéssemos presentes unidos novamente.
o cotidiano contado e meditado