PATRIARCA DA SOLIDÃO

 A casa 

já não está 

lá mais. 


Meus pais 

se foram.

Meus irmãos 

também se foram.


Fiquei eu só 

Patriarca das solidões. 


As decisões atuais

reviso pelo passado.


Encontro o presente 

na história ausente.


Ninguém abraça a solidão.


Ninguém diz:

-Ah... como é bom estar só. 


Somos sociais

apesar das grandes

ausências.


Não se foge da solidão,

ela vem 

sem consentimento

sem rejeição 

com a bolsa cheia

de verdades

escondidas.


Chega o tempo 

em que vamos 

sendo esquecidos 

por todos, 

ciclo natural 

do envelhecimento

e somos jogados

na solidão.


Neste instante, 

ela se faz 

parente, 

mãe, 

pai, 

irmãos,  

ente ausente.


E projetamos 

internamente, 

profundas revisões 

dos caminhos 

trilhados 

e não realizados.


Projetamos 

uma solidão 

de fim 

como 

se todos 

estivéssemos 

presentes

unidos 

novamente.

Comentários

Anônimo disse…
Muito linda poesia
Anônimo disse…
Muito linda poesia

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