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Mostrando postagens de outubro, 2023

PARTES DE MIM

 Partes de mim  vão ficando  no caminho.  Não é proposital,  nem casual.  São espaços  abertos  de convívio,  compreensões  furtivas  nada tomando  nada perdendo,  completando.  Não há acordos,  simplesmente  socializa-se,  deixa de ser seu.  O caminho  é um ir  deixando  as partes,  assumindo  outras  em nós.  Somos  uma complexa  humanidade                                                                                  em construção.

DENSAS NUVENS

  O Sol  escondeu-se  nas densas  nuvens. Amanhã, quem sabe? O frescor  das manhãs  dissolve tormentas.  A verdade  escondeu-se  das duras  realidades. Irá aflorar? Observar  desvela  labirintos  O amor  ocultou-se  da Vida. Sairá da penumbra? Porque chora  em silêncio,  não se realiza?  O tempo ocultou-se Das transformações. Teima em acalmar-se? Permanece estático? Muito se esconde,  não se mostra. Densas nuvens...

FINAL DE DOMINGO

  Odeio  o final  de domingo... Vem à mente  papai,  mamãe,  meus irmãos,  meu querido filho  que partiu  tão cedo. Não tive  tempo  de despedir-me  direito  deles. Foram-se e fiquei... Tenho  uma despedida  entalada  na garganta  ainda hoje. Se existe um momento  em que o passado  assalta  completamente  o presente,  é no domingo  à noite. Derramo  lágrimas  silenciosas,  porque  ninguém  percebe  minha dor. Porquê  externá-la? Termino  caído  nas horas  finais  quando  também  termina a semana, ou começa? Está  no intervalo  do tempo. Parece  a hora  da morte! Se existe  um momento  de experiência  de dor  interior,  este  é o momento. Onde estão vocês,  que me deixaram  aqui só,  sem poder  falar,  ouvi-los... apenas  uma infinita  solidão  inconsolável. Quisera  dar exemplo  de alegria  esperança... Perdoem  a fraqueza,  é mais forte  a saudade   que invade  este peito. Papai! Mamãe! Filho! Onde estão vocês? Só lágrimas dor saudade.

OLHANDO A VIDA

A consciência é um brinquedo da idade, amadurece com o tempo. Mama sem escrúpulos, a todos encanta por novas descobertas. Descobre-se livre. Alcança maturidade precoce, sofre de autonomia. Percorre labirintos de conhecimento, embebeda-se em suas insuficiências.

MEDITAÇÃO NOTURNA

  Fecho os olhos.  Pensamentos  povoam  a mente. Percorro  os confins  das experiências  reunindo  as distâncias  do tempo  no bojo. Saboreio  passagens  míticas,  guardadas  a sete chaves,  para não ser  considerado louco. Escavo  lembranças  sólidas,  rastros  de retidão. Outras, são  caminhos  errantes,  resvalam  em erros, lições   secretas . Aguardo marés... Lembro e esqueço  nomes,  conforme  o laboratório  da idade,  dando conta  de histórias  particulares,  a serem  partilhadas, descartadas, às  vezes  fluem  outras vezes esvaem... Assim vou  apalpando  o caminho   até migrar  em sonhos,  terreno fértil  sob a censura  da memória.  Adormeço...

AS BOMBAS DE GAZA

  As bombas  de Gaza  visitam  inesperadas. Desconhecem... Crianças brincam,   mães amamentam,  velhos recolhem  sabedorias  guardadas  nas camas. Sonhos  explodem   pesadelos. Bombas milenares sem direção coração perdidas. Onde está  a alegria  da mãe, o hospital  que cura a praça  que descansa  a escola  que ensina? Javé plantou  estes lírios?   Pesam e caem sorteio da morte. Vidas e escombros  se confundem fundem  cimento e sangue A mãe  já não  acalenta  o filho. A criança  já não  brinca. O velho  não tem  quem o ouça.  As bombas de Gaza  não escolhem,  caem como chuva.

NOTÍVAGO

Dias atravessam  noites.  Noites perduram  dias. Questiono  os travesseiros  dos jornais,  sonâmbulo  de notícias.  Bombas  explodem  lágrimas,  viagens  vasculares, cardíacas.  Há dias  não anoitece,  tecem  teias  de relações,  aguardam  desavisadas  presas. Não amanhece,  imploram escuridão,   implodem  amálgamas  diversos,  redes  sonolentas,  avessas  ao despertar,  preguiçosas. Perdi  a noção  do tempo  que sempre continua, independe.  Estrelas  são sois  distantes,  apenas isso. Não durmo, despenco do dia.

CONTRADIÇÃO DAS CONTRADIÇÕES

  Há o rico e Há o pobre. Mas, Há um rico que é pobre, e um pobre que é rico Mas Também, Há um rico Que é rico E um pobre Que é pobre Os que Não são Nem ricos Nem pobres Oscilam Fingindo serem ricos Sendo pobres, E de serem pobres sendo ricos. Muitos são Os pobres Poucos são Os ricos Há Poucos Ricos Que são ricos, E muitos Pobres Que são pobres De maneira geral Muitos ricos São pobres E vice-versa Poucos pobres São ricos Deu para entender?

VAZIO

  Conheço o vazio  que carrego. O peso  deste vazio. Um dia  após o outro  não são  suficientes  para preenchê-lo. Vaza... Não está  na vida  em si,  mas na  ausência  de vida.  Não está  na consciência  das pessoas,  sentem,   não percebem. Não tem volume,   crescimento,  paradoxalmente,  esvaziamento. Está localizado  no espaço  da consciência  que não se põe  em ação.  No espaço  da fé  sem obras. No amor  que não  se expressa. Na desistência  da verdade... Não toma tudo  de uma vez... vem ao poucos,  disfarçado  de verdade,  por dentro ,  até assumir  cativeiro  que não ocupa,  não percebemos. Realidade  inconteste,  assola  todo aquele  que busca  um mundo  melhor. Está aí,  no silêncio   diante  das injustiças,  nas bocas   famintas ,  na falta  de um lar,  doentes  esquecidos,  drogados  sem apoio, em toda sorte  de explorados,  abandonados,  desprezados. Um vazio  que purga  nada  permanente. Vazio de morte.

EM REFORMA

  Descobri  as palavras  que escrevi,  quando li. Mas então,  escrevi  e não sabia?  Vou-me  escavando  sem saber,  tesouro  perdido encontro de mim,   nascente  que flui  desconhecida. Surpreendo-me com que  descubro.   Pergunto,  como pude? Disfarces   divertem -se  em passear  comigo. Calo-me  impedindo-lhes  a saída,  descubro  um silêncio  nobre  de vigília  interior,  descartando  uns e outros  personagens.  Palavras  com poder  de criar ,  fonte  oculta,  vida  que atravessa  a vida.

DESCOBERTA AMBÍGUA

Não espero  unanimidade,  mas contraponto,  véspera da verdade. Não espero  compreensão,  mas cizânia,  anteporta  de amizades. Não espero  grandes conquistas,  mas derrotas pungentes,  chegam à consciência.   Não espero  sonhos,  mas pesadelos;  deixam os sentidos  despertos. Não espero  alegria,  mas tristeza,  mais realista. Não espero  ser útil  nisto ou naquilo,   mas ser  imprestável;  terei a verdadeira ideia  do que pensam  de mim. Não espero  a esperança;  ela espera  de mim.

ORDEM & DESORDEM

 ORDEM & DESORDEM Caminho  no estreito  leito   definido  pela ordem. Faço  declarações  confinadas  pela ordem. Sigo  meus trajetos,  como todos,  em ordem Encontro  ocupações  pela ordem. Luto  em ordem. Sou ordem! O beijo  rompe  a ordem. O abraço  fragiliza  a ordem. As palavras  questionam  a ordem. A criação  reconstrói  a ordem. A política  repensa  a ordem. O amor  desdenha    a ordem Sou desordem!

PERGUNTAS INSÓLITAS

  É  preciso deixar o campo sem flores para defender a paz? Se constrói alegria sem regar desertos? É possivel suportar  pesadas estruturas, e  construir leveza? O impossível está enamorado do  limite?  Os alma se deixa conhecer pela razão ? O amor é amigo das estruturas? As praças queixam-se das ausências ? As despedidas medem o tamanho do encontro? As flores tem consciência  da beleza?