O dia
em que fui
parido
berrei ao deixar
minha mãe,
ela,
do lado dela
gritando
um parto
de despedida
eu,
do meu lado
saindo do conforto
estranhando
a separação,
a dor
da vida.
Seria sempre
um berro
não fosse
o amor,
este refrigério.
Viver é sair,
Gestar é voltar.
Vou
aos gritos
e berros
neste mundo cão,
este inferno,
em que o homem pisa
o próprio homem.
Aqui estou
para arrombar portas
pôr abaixo domínios
desdenhar reis
invadir castelos.
Quem quiser venha,
se não,
encolha o rabo
subserviente,
porque tudo está
para ser mudado.
Se, ao final
da luta,
não conquistou,
sirva o esforço
a irreverência,
disposição.
Berre!
Grite!
Viver é sair
gestar é voltar .
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