Como, através de Santa Teresa D'Ávila, pude ajudar uma suicida.

Aos sábados, à tarde, costumo reunir-me com um grupo da Pastoral da Saúde da Igreja Católica, persistente no serviço da visita dos enfermos.
Nesta pequena caminhada, insuficiente para o tamanho do contingente dos doentes e de dores, fazemos o nosso mínimo, cientes de nossa inutilidade, do nadar permanente contra as demandas deste mundo injusto.
Antes de iniciarmos as visitas, normalmente, fazemos a leitura e reflexão de um texto do evangelho, conforme a liturgia do dia, da Igreja.
Depois, nos dirigimos aos quartos, não sem antes fazermos nossas orações pedindo ao Espírito Santo que nos encaminhe aos locais certos onde possamos ser úteis aos enfermos, e darmos verdadeiro testemunho do evangelho.
Curioso foi termos refletido sobre uma nova evangelização, conforme nos lembra o Papa Francisco nas Alegria do Evangelho, sua exortação apostólica. Vivemos novos tempos, novas linguagens e formas de expressão.
O primeiro quarto que entramos foi o de uma jovem, que tinha as duas pernas engessadas.
Estava, não apenas acamada, mas nitidamente largada, visivilmente entregue e imóvel.
Acompanhada por um jovem que mais parecia uma paisagem que companhia.
Quem sabe era desta forma que ela precisasse naquele instante, alguém distante e presente.
Aproximamo-nos, e perguntei-lhe, em voz baixa e serena, de como ela estava.
Disse-me:
- Deus me deixou!
Inicialmente ficamos sem ação, até nos recompormos desta frase, e buscarmos as razões para isto.
- Tentei o suicídio! Deus me deixou!
Respondi-lhe_
- Impossível Deus tê-la deixado, por uma razão muito simples.
Percebi, pela primeira vez que seus olhinhos acenderam-se um pouco, curiosa por saber.
Continuei:
_ Somos como um grande castelo, onde existem muitos aposentos. Nestes, está toda sorte de atividades e assuntos que tratamos com as pessoas e conosco mesmos. Alguns estão secos e distantes, sem vida. Mas conforme caminhamos, podemos ir nos nos aproximando de um aposento especial, onde Deus está, fazendo morada em nós. Nem sempre este aposento é atingido, e damos voltas, parecendo que estamos sós, mas basta ter curiosidade e buscar com vontade, e iremos encontrando este local onde Deus fica e deseja manter conosco um diálogo, uma intimade sem limites.
Logo, as Bete e a Roseli, irmãs de Pastoral, aproximaram-se e a encorajaram a fazer daquele sucído uma virada em sua situação, buscando a novidade e a alegria de viver. E Cristo Jesus é esta novidade, a grande notícia, a grande manchete diária que jornais deveriam ter.
Fizemos uma oração vocal, por ela repetida, conforme dizíamos, de renúncia do mal e de busca por este aposento real, onde Deus está.
Saímos daquele quartos agradecidos a Deus por nos levar ao lugar certo onde Ele precisava estar através de nós, seus fiéis discípulos.
O que Santa Teresa D'Ávila tem a ver com isso? Bem, é dela o Livro "O Castelo", de elevada espiritualidade, de onde tirei o roteiro que me orientou a acalentar a a jovem.
Casos como este, nós nos deparamos com frequência, em nossas visitas aos sábados.
Santa Teresa de Jesus, intercedei por nós!
Louvado seja o Nosso Senhor Jesus Cristo!
Para sempre seja louvado!

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