A estrada é a vida.
Nela há um sem fim de destinos,
um sem fim de níveis de esperanças.
Sinuosa estrada separa pais,
irmãos
filhos
nas suas várias estações.
Alguém possuído de vestes sóbrias ,
recolhe os que ainda seguiriam
não fossem
as grandes teias
que cobrem o céu
explicando os motivos
disto e daquilo.
Há vales e montanhas
flores serpenteando
e um Sol ao poente
despedindo-se
no ocaso.
A estrada nunca sai do lugar
termina sem percurso
sem viajantes
porque permanece olhando e falando
como se estivesse longe.
Estrada a escalar
portais superiores
e profundezas desconhecidas.
Há margens permanentes e incapazes
a suplicar um pouco do nosso encanto
que fecha-se
perde o brilho.
Há caronas sempre livres
e orações intermináveis
distraidas da paisagem.
Há vilas lindas
distantes de tudo e de todos
e gigantescas cidades
devoradoras da paz.
Há andarilhos perdidos e achados,
na experiência próxima da fragrância.
E os que se ocultam
porque sonham com o grande útero
perdido em alguma mulher.
Há os que não partem
e os que precocemente partem.
Há de tudo e de nada
o torpor e a frieza
Estrada sinuosa...
Um olhar atento
notará o pó
que se levantou
após passar.
Este pó sou eu
mantido pela vaga
deixada pela sua presenca.
Esta dá vida a este pó
que reluz férreo
nas entranhas luminosas
que separam.
Pó que repousa ao lado
e só adquire vida
quando alguém passa.
João Paulo Naves Fernandes 12/07/2020 05H01
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