POR DENTRO DA DOR



Por dentro da dor, 

há um caminho 

de impotência 

que obriga 

a compreensão 

adotar a humildade.


Por meio dor,  

que vem à tarde, 

grandes virtudes 

escorregam 

de seus pedestais.


Seremos então, 

simplesmente, 

José e João, 

Maria e Débora, 

com a simplicidade 

do parto.


Veremos então 

as grandes distâncias 

que nos pusemos, 

desnecessárias,

que  impedem  

o ermergir 

nas fontes 

cristalinas 

da naturalidade. 


No grito da dor 

ecoa também 

o sofrimento 

das estruturas,  

que aprisionam, 

sopram lençóis 

secando 

nos varais 

do esconde esconde, 

aplainam 

encostas 

retém desafios 

 matam os sonhos, 

familias inteiras.


Dor que não 

se compactua 

com a morte, 

resiste à morte, 

quer vida


Dor que sofre,  

tardia, 

lavando 

as cascas 

do tempo.


Por dentro da dor 

há um caminho 

de volta, 

redescobrindo rotas, 

perdidas, 

no emaranhado 

da vida, 

redesenhando novas

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