Pular para o conteúdo principal

A luta pela moradia



Nos últimos dias temos presenciado muitas manifestações agressivas e de caráter conservadoras acerca do decreto presidencial n. 8.243/2014 que cria a Política Nacional de Participação Social e que tem como um dos principais objetivos a regulação da participação e controle social nas políticas públicas.
Desde as manifestações de 2013, entendemos que a sociedade tem clamado por uma maior participação nas decisões sobre os destinos do Brasil, principalmente nas políticas públicas e no controle da aplicação dos recursos destinados a estas. A participação é direito previsto a Constituição Brasileira. O efetivo funcionamento e investimentos nas políticas de educação, saúde, e da política urbana, que entendemos como as políticas integradas de habitação, mobilidade urbana, saneamento básico e leis de regulação de uso do solo, passam pela participação direta da sociedade na formulação, implementação, fiscalização e monitoramento permanente pela sociedade civil organizada.
Vivemos num momento de necessidade do aprimoramento da democracia em todo o mundo. As eleições em si não podem ser o único instrumento de participação da sociedade na coisa pública, e a cada momento se mostra extremamente necessário no Brasil uma profunda Reforma Política, que permita uma renovação na forma de se decidir a implementação das políticas públicas com participação popular e do financiamento privado nas campanhas eleitorais. Portanto, neste sentido, precisamos institucionalizar um sistema que não nega a democracia representativa, mas articulada com mecanismos da democracia participativa.
Os diversos conselhos que já estão em funcionamento, são formados por entidades da sociedade civil com ampla representatividade, incluindo setores populares, empresariais, de entidades de classe, acadêmicas e com representações do poder executivo, legislativo e em muitos casos até do judiciário. Vale ressaltar que em sua maioria, os representantes da sociedade civil também passam por eleições em suas bases sociais, e nas esferas das conferências locais, estaduais e nacional, podendo então considerarmos como uma prática superior de democracia direta, diferentemente da indireta representada pelo voto de urna das eleições, que é limitada ao sucesso dos que possuem altos investimentos privados em detrimento de setores menos “endinheirados”.
Defendemos ainda que estas instâncias de participação social, tenha efetivo caráter decisório e deliberativo, e que se ampliem nas instâncias municipais e estaduais, onde o gasto público passe pelo controle social direto da sociedade, para vencermos as mazelas da corrupção, do clientelismo e do toma-la-dá-cá tradicional da política elitista e conservadora que insiste neste modelo de representação que cada vez a sociedade não se vê representada. É inegável de que a prática do dialogo social dá uma maior qualidade na implantação da política pública e no controle dos gastos. Os setores que são contra estas iniciativas, são os atores da velha política oligárquica concentradora da renda, da riqueza e do poder no Brasil.
Está na hora de investirmos numa profunda reforma do sistema político brasileiro, por isso que defendemos a Convocação imediata de uma Assembleia Nacional Constituinte para a Reforma do Sistema político no Brasil e que os Conselhos e Conferências tenham caráter decisório e deliberativo.
E por fim, reafirmamos a nossa defesa do decreto presidencial 8.243/2014 que trata da Política Nacional de Participação Social, como um importante caminho para a democratização do processo decisório da política pública.
São Paulo, 13 de junho de 2014.
Central dos Movimentos Populares
Confederação Nacional das Associações de Moradores
Movimento Nacional de Luta Pela Moradia
União Nacional por Moradia Popular

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...

O POVO DE RUA DE UBATUBA

 Nos feriados, a cidade de Ubatuba dobra o seu número de habitantes. Quando isso acontece, logo retiram os moradores em situação de rua, de seus locais, porque consideram que estes prejudicam a "imagem" da cidade. A questão é que os moradores de rua somente são lembrados quando são considerados prejudiciais à cidade. Não existe em Ubatuba uma política de valorização do povo de rua, capaz de diagnosticar o que impede eles de encontrar saídas dignas para suas vidas. Não existe sequer um local de acolhimento que lhes garanta um banho, uma refeição e uma cama. Saio toda semana para levar comida e conversar com eles.  Alguns querem voltar a trabalhar, mas encontram dificuldade em conseguir, tão logo sabem que eles vivem na rua e não possuem moradia fixa. Outros tem claro problema físico que lhes impede mobilidade. Outros ainda, convivem com drogas legais e ilegais.  O rol de causas que levaram a pessoa viver na rua é imenso, e para cada caso deve haver um encaminhamento de sol...

PEQUENO RELATO DE MINHA CONVERSÃO AO CRISTIANISMO.

 Antes de mais nada, como tenho muitos amigos agnósticos e ateus de várias matizes, quero pedir-lhes licença para adentrar em seara mística, onde a razão e a fé ora colidem-se, ora harmonizam-se. Igualmente tenho muitos amigos budistas e islamitas, com quem mantenho fraterna relação de amizade, bem como os irmãos espíritas, espiritualistas, de umbanda, candomblé... Pensamos diferente, mas estamos juntos. Podemos nos compreender e nos desentender com base  tolerância.  O que passo a relatar, diz respeito a COMO DEIXEI DE SER UM ATEU CONVICTO E PASSEI A CRER EM JESUS CRISTO SEGUINDO A FÉ CATÓLICA. Bem, minha mãe Sebastiana Souza Naves era professora primária, católica praticante,  e meu pai, Sólon Fernandes, Juiz de Direito, espírita. Um sempre respeitou a crença do outro. Não tenho lembrança de dissensões entre ambos,  em nada; muito menos em questões de religião. Muito ao contrário, ambos festejavam o aniversário de casamento, quando podiam, indo até aparecida d...