Há um tempo,
apesar dos esforços,
que não se esconde nada,
não consegue esconder
mais nada.
As falsidades,
os conceitos impessoais,
humanistas,
mas impessoais,
os sorrisos maledicentes,
as atenções fugidias,
tornam-se pedras,
grandes pedras
no caminho da vida.
Os esquemas de sobrevivência,
as convivências superficiais,
as rotinas secas,
perdem o sentido
que nunca
tiveram.
Uma busca tardia
se inicia,
com a beleza
do poente radiante.
Há que se espremer,
esgarçar-se,
há que se chacoalhar
o couro carcomido
pelo uso indevido
das fábulas,
e dizer,
pelo menos uma vez
sinceramente:
Aqui estou!
Sou eu,
não outro!
.....
Quem sabe
alguém ouça
este grito interior,
pelos olhos,
contrações
faciais,
submerso.
Quem sabe um ouvido
sobrenatural
desperte afinal,
diante deste reverso.
Surpreso
um silêncio
responde
as mil palavras
não proferidas.
Confidente
um grande garfo
é colocado,
finalmente,
ao lado do prato,
e as atenções se voltam.
Um colibri envergonha-se
de sua retilineidade,
e um doente chora
desesperançado.
Ondas sonoras ecoam
nas entranhas inaudíveis,
despertando um espírito morto.
Um suposto fim
que nunca despede-se
assombra as esperanças,
com seu aluvião
de moscas.
Estou pronto!
Que venha o pranto da descoberta derradeira!
Aqui se põe o Sol!
Por trás da montanha!
Esconderijo
dos pobres sem tetos,
e ricos sonhadores,
das prostitutas
adormecidas
belas.
João Paulo Naves Fernandes
10/12/2014
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