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Fragmentos

Tenho consciência dos meus muitos erros.

Alguns, guardados a sete chaves.

De todo tipo.

De mim sai um esgoto que não se esgota

Consciência de minhas falsidades disfarçadas em naturalidades.

Consciência de eu ator, neste mundo de feras

Tenho a presença constante, de minhas perversidades amainadas sob égide da santidade.

Durmo com multidões gritando em meus ouvidos, e não entendo nada, nada...

Gostaria de ser puro?

Algumas vezes busco a pureza, mas logo o Sol nasce e o disfarce cai por terra.

Destroços é o que sou, que se erguem diariamente, e falam, gesticulam, como se estivessem articulados.

Penso na família, nos filhos, netos, ah se soubessem quanto me subdivido em tudo, quanto sou frio e perverso; me poriam da porta para fora, como a muitos mendigos por aí.

São eles sim, que me repõem, apesar de mim.

Assim vou seguindo, mais pensando que falando

Cada vez mais mudo

mais descrente,

mais consciente

de que a grande mudança

é depois daqui.

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