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Mostrando postagens de abril, 2025

RESGATE

  Prisioneiro da consciência, combato em mim milênios de segregação, e muitas vezes desconheço o amor. Pego-me seco e intratável, depois descubro umbrais intransponíveis de minha auto dominação.  Saio com um sentimento de culpa por tanta permissividade de valores de segregação,  indiferença arraigada de classe, rejeição às pessoas. É preciso não desviar o olhar e admitir a diversidade de um mundo complexo neste tempo. As estruturas sufocam muito e vou tentando resgatar minha humanidade. Difícil...muito difícil.

PASSO E COMPASSO

  Vou dar um passo,  quem sabe  te veja melhor,  mais perto. Vou dar um jeito  de olhar melhor,  quem sabe  encontre o caminho  perdido no tempo... Sei das flores  que encontrei, seu perfume  entranhou saudade,  sigo pelo olfato... Sei das pedras,  questionam o movimento,  afogam raízes,  ainda machucam... Meu dilema exaure-se  por longos períodos,  as estações o alimentam  mais e mais... Suspenso o próximo passo,  respeito o pensamento  junto ao compasso

PEQUENO..

  Hoje estou pequeno e oculto. Poucos sabem de mim. Sobra-me o tempo do esquecimento. Com ele, cultivo a descoberta da transitoriedade. Ser eu mesmo sem pertencimento algum, vive a rejeição das ideias uniformes.  Ser pequeno é uma escolha dos que não pretendem ser escolhidos. Passa por uma auto rejeição de tudo, que na verdade é nada. O mundo é uma imensa falsidade de valores a contaminar ambientes e pessoas.  Perde-se a vida por nada, nem sabem que a perdem. Viva simplesmente a palavra que reflete o olhar, e deixe correr assim. Pequeno e silencioso...

FRANCISCO VIVE

 A Páscoa do Papa Francisco calou os fascistas no mundo inteiro. Até  seus inimigos confessos fingem-se de Santos, e escondem o sangue que tem nas mãos, para reverenciá-lo. Recuam de seus ódios. Despertou os comunistas, que se viram semelhantes. Está iluminando o mundo com o ar fresco e simples da verdade. Está unindo, a contragosto de seus líderes, muitas igrejas e religiões. Enfim, Francisco mesmo morto parece ressuscitado. Está chacoalhando o mundo de uma  humanidade que estava sendo descartada. Esta força toda que o iluminou é Jesus Cristo crucificado e ressuscitado.

CONFIDÊNCIAS

  A velhice é um demorado Adeus. Uma despedida  começa ao redor,  quando as amizades  simplesmente diminuem,  até ficarem poucas,  quase nenhuma Passos ficam lentos,  voz mais refletida,  que exercida,  vive-se mais dentro. As novidades  são antigas,  permanecem,   passam por fora. Vive-se um mundo  que já não existe. Aprende-se  a angústia  de ser só.  Segue-se um périplo,  silencioso,  até tudo se acalmar  com sua ausência,  logo esquecida,  ainda em vida Uma paz acompanha  a revisão do caminho  trilhado,  ora orgulhando,  ora penitenciando.  No fim,  em avaliação,   prevalece a compreensão  do perdão ilimitado,  a nós que não nos perdoamos. O quanto se tangenciou  na vivência escatológica  trará maior ou menor  aceitação da grande viagem. Caminho do tempo,  caminho de formação. Continuarei o aprendizado dep...

DISTRAÍ-ME

  Distraí-me nas luas... em qual me conheceste?  Imprevisto decifro  nuvens fugidias  antes que ventos cegos  expulsem os caminhos livres. Andei invisível,  hoje grito,  não sei a hora Distraí-me antes  que os lírios  despertassem  as ânsias  do perfeito. Distraí-me  enquanto andava nu,  sem regras,  revoltado com tudo... Conheces minha luas?

PÁSCOA ATUALIZADA NA IGREJA

  A morte vencida na esperança e a vida em despedida. Seu nome, Francisco. Amou tanto as pessoas, a ponto de criar uma Igreja em saída, com altares nas praças,  e fiéis nas sarjetas, nos escombros das guerras. Disse o que via sem esquivar-se aos poderosos, e sorriu muito por ter olhos bons. Tirou apetrechos inúteis e varreu os penduricalhos nas celebrações, dirigia-se ao principal, ao Senhor Jesus, ao Pai, ao Espírito Santo. O meio ambiente tornou-se seu verdadeiro altar, e os peixes, aves e as plantas os anjos que ornamentam o mundo. Seu testemunho continuará ecoando nos corações dos pequenos esquecidos deste mundo

OMISSÃO

  Eu não estava aqui,  eu não sentei à mesa,  não dirigi a palavra. Eu deixei correr  o que acontecia  sem me opor. Eu não parecia  estar presente,  nem observei  como devia. Eu olhava  para mim,  como o único. A realidade  foi sendo  desenhada  desenganada,  até desaparecer... Eu fingi  não ser comigo,  segui  como se tudo  estivesse bem... Hoje trago  a feição inexpressiva,  o corpo coberto,  a boca fechada. Hoje nada tem sabor. Busco-me em mim  e não mais  me encontro.

DESPERTAR

  Estes montes altos que sobrevivem nas penumbras... Estas florestas densas sempre desbravadas... o despertar dos grilos... esta noite que amanhece ao passear das mãos... este dorme e acorda não se decide... essa sensação de novo  no mesmo de sempre... Essa visita de vida constante... Este mar bravio sem margem... Este sonhar sobre a realidade... Esta calma da noite, absolvida... Estas pernas que abrem e fecham,  como conchas, tesouros profundos... este desejar das marés, feitiço por terra... esta sombra que não se assume,  estes olhos acostumando-se à luz. Estes beijos deixados à porta de entrada,  este convite para o amanhã...

MODÉSTIA

  Somos pouco conhecidos... das pequenas presenças,  ínfimas palavras. Não nos importamos  com modestas divulgações,   e dividimos alegremente  pequenos sucessos. Prezamos as pequenas palavras  e aguardamos longo tempo  até que possam ser ouvidas. Conhecemos os pequenos ouvidos,  que se posicionam,  não incluem o coração.  Somos das pequenas decisões,  nem precisam ser conhecidas. De tudo participamos sorrateiramente Raros os grandes conhecidos.   A estes nossos lauréis,  nossas reverências. Somos sonhos pequenos  que passam rápido... Se puderes, ouça...