FÉRETRO VERBAL

 


Meus poemas 

não adormecem, 

sonambulam,  

insatisfeitos 

e incompletos.


Nada os encerra, 

enredos parciais, 

voláteis, 

de um absoluto infinito.


Sofrem, 

sem fingimento,

todas as dores 

do mundo.


Angustiam-se 

com a solidão, 

a indiferença humana


Suas letras 

choram as partidas 

olhando de frente, 

não suportam falsidades.


Suas lágrimas 

borram os versos, 

mal representam 

as dores.


Escondem-se, 

vulneráveis,  

do tempo inexorável 

que a tudo constrói, 

desconstroi.


Ficam ali, 

nos cantos da vida, 

até que alguém 

ouça o coração, 

raro coração.


Retrato escrito 

do féretro verbal, 

enterro do verso

tumba do livro

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