A Cidade Universitária, da USP, é uma contradição com a cidade de São Paulo

Minha filha está com dois stands em uma feira de arte que está acontecendo no Espaço das Artes, localizado na entrada principal da Cidade Universitária, até domingo.

Faz décadas que não entro na Cidade Universitária, embora seja de lá, formado em Ciências Sociais, em 1973 (falo baixo).

Ocorre que o mundo mudou muito desde aquele tempo em que terminei meu curso de graduação, e saí pelo mundo afora para sobreviver enquanto transformava o que via ao meu redor.

Agora, de volta, por instantes  ao apreciar a imensidão desta Cidade Universitária me veio a mente muitos pensamentos.

O primeiro, é que este exagero de espaço com jardins e árvores e gramados imensos são uma ofensa ao mundo pós contemporâneo onde não existe mais nenhum espaço.

Estamos cada vez mais sem espaços, seja aonde moramos, ou na forma como nos transportamos, nos lugares em que comemos, o que sentimos é que o espaço para a vida está progressivamente diminuindo.

Segundo e em decorrência do primeiro, não temos mais tempo, devido à falta de espaço, o que nos atrasa sobremaneira.

No espaço da Cidade Universitária é possível ficar muito tempo se dedicando a um único pensamento, a meditar sobre uma única problemática.

No espaço da cidade de São Paulo não há tempo para se pensar em nada, mas fragmentar vários pedaços de pensamentos, sem se chegar a lugar algum.

Deixo aqui o meu protesto, saudosamente, em notar o quanto a Cidade Universitária está em profunda contradição, e em rota de colisão com a cidade de São Paulo, que a fará desaparecer um dia.

Esta contradição é tão profunda que já é visível logo na entrada, ou na saída.


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