O VELHO E O CORONAVÍRUS


O velho
não fala
não opina.
Segue
sereno
o tempo
restante
não pode
sair
caminhar.
Não existem
parques
mais,
encontros,
dominós
xeques-mate.
As flores
abandonadas...
olhos
cansados
impedidos
da esperança
depositada,
beleza
vivida,
últimos
tempos.
O velho
sabota
a economia
não contribui.
Precisa
morrer,
mas
não
morre.
Morre velho!
A Bolsa
cai,
a idade
sobe.
O velho
não produz
não trabalha
Você custa caro, velho.
As crianças
já não brincam
nos pés
endurecidos
entremeadas
junto a bancos
porque
não há
um velho
que compreenda
a seriedade
da brincadeira.
porque
não há
tempo
para brincadeiras.
Mundo
invulnerável
ao vulnerável.
Importa
trabalhar
comer
casar.
O resto
não
importa.
O velho
atrapalha.
Morre velho!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

PLEBISCITO POPULAR

O que escondo no bolso do vestido - Poema de Betty Vidigal