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Mostrando postagens de janeiro, 2025

REVELAÇÃO

A vida é um mistério que possui muitas profundidades. Não existem portas, palavras, não podem ser descritas, encontradas, mal sabemos quando estamos nelas, ou saímos. Não existem caminhos únicos, seguem sendo mistérios. A busca é um afogamento silencioso, que não sabe onde cai, difícil queda da realidade. Profundidades elevadas, como as que alçam o céu. Profundidades, que não sabem sequer da superfície em que ainda permanecem . Muitos sequer consideram haver mistérios, passam a vida sem nada examinar. Quem sou, se desconhece, acompanha toda a vida. A razão de viver, é profundidade raramente encontrada, aos poucos, por poucos. O amor é mistério cultivado, também pode ser encontrado, requer esforço. Destes todos, de algum jeito faço parte, pois não sei de tudo, leigo. Não saber nos torna mais felizes? Deixem os mistérios descansarem onde estão... Belos são os mistérios, escondem uma totalidade da qual ainda não estamos aptos a decifrar. Pobre de mim que passo os dias me interpelando...

DISPERSO

  Me oferecem tantos caminhos,  como se eu fosse um perdido. Me inundam de tantas informações,  como se eu fosse um ignorante. Me convidam a tantas aventuras,  como se eu nunca tivesse saído de casa,  da saia de minha mãe.  Acabei, por conta disso,  andando por vários caminhos,  sem chegar a lugar algum,  perdido que fiquei. Me informei de tudo  e agora não sou especializado  em algo específico.  Nada acrescento de importante. Procurei ir a vários lugares,  com os recursos que tenho,  e não finquei os pés  onde realmente precisava.  Ao final perdi o principal,  o apoio dos mais próximos. Não alcancei o básico.  Muitos acabaram  mandando em mim. Procuro-me,  e acho um pedaço aqui,  outra parte ali...

SE NÃO FOSSEM AS MANHÃS...

Ah...se não fossem as manhãs, como adormeceriam meus sonhos? Precisam sentir-se realizados, sonhos despertos. Como podem ter seus olhos fechados? Ah,os sonhos nas mãos... Manhãs poderosas redimem incertezas, cobrem de esperanças. Ah...sou todo manhãs, Sol aberto, nuvens espalhadas por pincéis no azul celeste. Conduzem as manhãs para as tardes, as tardes para as noites, e sonham novamente... Ah, vivo de sonhos...

RESÍDUOS

  Uma faca na gaveta, a conversa cortada, o lírio no jardim,  a aranha na parede. Espera que não passa,  sonho que resiste.  Olhos vasculham  pedacos soltos da casa,  não se lembram. Houve um tempo  em que tudo se ajustava,  as horas não passavam... As fotos acendem luzes,  os óculos atrapalham,  as portas abertas  despedem-se do tempo. Quando as estações voltarem  quem sabe cante  a esperança  desfalecida. Vou como quem sabe  não haver volta,  decide seguir. Hoje o Sol recusa atravessar nuvens,  traz o cansaço do Sheol, namora a impossível Lua,  escondida na Terra. Gira gira gira, não alcança. Também sigo  neste giro perguntando: -Onde estás?

PALAVRAS

  Desculpem-me pelas palavras, são preciosas... cada qual guarda um universo em si. Desculpem-me se as proclamo por vezes gratuitamente...ecoam diferentes nos ouvidos, poros de fins. Guardam um silêncio anterior prestes a decifrá-las, e outro exterior, atento e vivo, ou enfadado, a depender do que trazem. Tratam-nas de forma tão vil e vulgar, que muitas vezes saem empobrecidas de sentido e naturalmente rejeitadas. Pobre de mim que mal escolho palavras, sofro por dizê-las, alegro-me quando transgridem, tornam-se vivas. Sou antes e depois das palavras, sou o tempo delas. Por isso atravesso o dia em silêncio, escolhendo-as antes de serem ditas, aguardando o momento, tão difíceis são de serem ouvidas.

ESQUECIDO

  O amanhã  não aguarda o hoje,   esquecido do ontem. Caminho como quem  não se sabe  e segue ermo. O que guardarei  de mim,  de você,   de nós? O que sei de mim,  que permanece? Um dia após outro  se esvai desatento... Já fui neto,  já fui filho,  sou pai e avô.  Hoje,  uma somatória de tempos,  apesar da idade, traz este esquecimento  tão usual e constante. Oh, condição humana,  lembrar-me-ei de Deus  quando me for  para o maior  esquecimento de todos?  Ou despertarei atento a tudo? Lembrar-me-á a eternidade  deste frágil adormecer constante?

PREOCUPADO

  Onde está a chave? Quando abriu portas? Preocupa  o aposento assento  sento,  sem rua,  nua,  encarcerado  crescente. Preocupa  a paz  atrás  do espectro,  circunspecto  Não amar dói. Como consegue  ser tão duro? Como segue imune a si desprezo  que preza. Preocupam-me as rua perdidas  nunca encontradas; não endireitam, monolíticas, estreitos becos.  Não possuem  oceanos profundos,  furacões,  tsunamis. Remam,  observam o passado, não aportam. Preocupa ver seguir  como se tudo  fosse um nada.

PRISAO DO AMOR

  Tenho um amor prisioneiro de mim, incapaz de libertar-se. Tenho um amor prisioneiro das circunstâncias, não há  o que exista, seja feito que  o desnude. Já não  o reconheço mais, sequer identifico sua existência, tão profundas as entranhas que o prendem.  Está ali  à espera de uma declaração de incapacidade, redescoberta de si, que não vem. Passam-se os dias... Tenho um coração  incapaz de libertar-se por si mesmo,  carente, coração de rua, perdido no tudo, insatisfeito do mundo.  Amor que clama por amor maior.

HORÁRIO INTERIOR

  As manhãs trazem o frescor da renovação, podemos voltar a acreditar na vida, tudo tem solução. Nossas tardes já se esforçam por vencer, degrau que posso alcançar com esforço. Já a noite se despede de tudo, faz o balanço inevitável, apela a Deus... Convivo tempos que se imiscuem em mim, produzindo história, cada dia diferente, enquanto caminho... Todas as reações: 5 Vanderli Tiberio, Fah Fre Yah e outras 3 pessoas

ANO VELHO/ANO NOVO?

  Viver é o principal... atravessamos um ano Alcançamos a dobra de um tempo, que não pergunta, não responde, continua imperturbável. O que farei amanhã descortina um caminho. Quem sou é o que faço. Não me defino, por desconhecimento. A ação me define, a palavra me definha. Vou como quem se descobre amplo, com todas as possibilidades em aberto e sorrio com o desafio.

RECOMENDAÇÕES PARA O ANO NOVO

  Vou me guardar um pouco nesta passagem de ano. Respeitar o tempo que se acumulou em mim, e se esvai assim que vem. Guardar-me dos sonhos impossíveis, eu que sonho tanto, para não decepcionar-me, mas sem destruí-los... são os mais verdadeiros. Guardar-me da frigidez, e seja eu sempre meio imperfeito meio excitado, de quando em vez. Guardar-me dos meus limites constantes ondas batendo em arrecifes, rochas de fé e conhecimento. Guardar-me do passado, permanentemente refeito em descobertas presentes; e do futuro, esquecido no agora. Guardar-me do desamor, tão fácil e corriqueiro, na busca do amor, tão difícil, crítico de mim. Ah...o ano que se vai, que vá logo, fique para trás, porque vejo e ainda busco vida escondida nos olhos, nos livros, na caneta, papel...