sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

REVELAÇÃO

A vida é um mistério
que possui
muitas profundidades.
Não existem portas,
palavras,
não podem
ser descritas,
encontradas,
mal sabemos
quando estamos
nelas, ou saímos.
Não existem
caminhos únicos,
seguem sendo mistérios.
A busca
é um afogamento
silencioso,
que não sabe
onde cai,
difícil queda
da realidade.
Profundidades elevadas,
como as que alçam o céu.
Profundidades,
que não sabem
sequer da superfície
em que ainda permanecem .
Muitos sequer
consideram
haver mistérios,
passam a vida
sem nada examinar.
Quem sou,
se desconhece,
acompanha
toda a vida.
A razão de viver,
é profundidade
raramente
encontrada,
aos poucos,
por poucos.
O amor é mistério
cultivado,
também pode
ser encontrado,
requer esforço.
Destes todos,
de algum jeito
faço parte,
pois não sei
de tudo,
leigo.
Não saber
nos torna
mais felizes?
Deixem os mistérios
descansarem onde estão...
Belos são os mistérios,
escondem uma totalidade
da qual ainda
não estamos aptos
a decifrar.
Pobre de mim
que passo os dias
me interpelando:
"Quando tudo irá revelar-se?"

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

DISPERSO

 


Me oferecem tantos caminhos, 

como se eu fosse um perdido.


Me inundam de tantas informações, 

como se eu fosse um ignorante.


Me convidam a tantas aventuras, 

como se eu nunca tivesse saído de casa, 

da saia de minha mãe. 


Acabei, por conta disso, 

andando por vários caminhos, 

sem chegar a lugar algum, 

perdido que fiquei.


Me informei de tudo 

e agora não sou especializado 

em algo específico. 


Nada acrescento de importante.


Procurei ir a vários lugares, 

com os recursos que tenho, 

e não finquei os pés 

onde realmente precisava. 


Ao final perdi o principal, 

o apoio dos mais próximos.


Não alcancei o básico. 


Muitos acabaram 

mandando em mim.


Procuro-me, 

e acho um pedaço aqui, 

outra parte ali...

terça-feira, 21 de janeiro de 2025

SE NÃO FOSSEM AS MANHÃS...


Ah...se não fossem as manhãs,
como adormeceriam meus sonhos?

Precisam sentir-se realizados,
sonhos despertos.

Como podem ter seus olhos fechados?

Ah,os sonhos nas mãos...

Manhãs poderosas
redimem incertezas,
cobrem de esperanças.

Ah...sou todo manhãs,
Sol aberto,
nuvens espalhadas
por pincéis
no azul celeste.

Conduzem as manhãs
para as tardes,
as tardes
para as noites,
e sonham novamente...

Ah, vivo de sonhos...

terça-feira, 14 de janeiro de 2025

RESÍDUOS

 


Uma faca na gaveta,

a conversa cortada,

o lírio no jardim, 

a aranha na parede.


Espera que não passa, 

sonho que resiste. 


Olhos vasculham 

pedacos soltos da casa, 

não se lembram.


Houve um tempo 

em que tudo se ajustava, 

as horas não passavam...


As fotos acendem luzes, 

os óculos atrapalham, 

as portas abertas 

despedem-se do tempo.


Quando as estações voltarem 

quem sabe cante 

a esperança 

desfalecida.


Vou como quem sabe 

não haver volta, 

decide seguir.


Hoje o Sol recusa

atravessar nuvens, 

traz o cansaço do Sheol,

namora a impossível Lua, 

escondida na Terra.


Gira gira gira, não alcança.


Também sigo 

neste giro perguntando:

-Onde estás?

segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

PALAVRAS

 

Desculpem-me pelas palavras, são preciosas... cada qual guarda um universo em si.
Desculpem-me se as proclamo por vezes gratuitamente...ecoam diferentes nos ouvidos, poros de fins.
Guardam um silêncio anterior prestes a decifrá-las, e outro exterior, atento e vivo, ou enfadado, a depender do que trazem.
Tratam-nas de forma tão vil e vulgar, que muitas vezes saem empobrecidas de sentido e naturalmente rejeitadas.
Pobre de mim que mal escolho palavras, sofro por dizê-las, alegro-me quando transgridem, tornam-se vivas.
Sou antes e depois das palavras, sou o tempo delas.
Por isso atravesso o dia em silêncio, escolhendo-as antes de serem ditas, aguardando o momento, tão difíceis são de serem ouvidas.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

ESQUECIDO

 


O amanhã 

não aguarda o hoje,  

esquecido do ontem.


Caminho como quem 

não se sabe 

e segue ermo.


O que guardarei 

de mim, 

de você,  

de nós?


O que sei de mim, 

que permanece?


Um dia após outro 

se esvai desatento...


Já fui neto, 

já fui filho, 

sou pai e avô. 


Hoje, 

uma somatória de tempos, 

apesar da idade,

traz este esquecimento 

tão usual e constante.


Oh, condição humana, 

lembrar-me-ei de Deus 

quando me for 

para o maior 

esquecimento de todos? 


Ou despertarei atento a tudo?


Lembrar-me-á a eternidade 

deste frágil adormecer constante?

domingo, 5 de janeiro de 2025

PREOCUPADO

 


Onde está a chave?


Quando abriu portas?


Preocupa 

o aposento

assento 

sento, 

sem rua, 

nua, 

encarcerado 

crescente.


Preocupa 

a paz 

atrás 

do espectro, 

circunspecto 


Não amar dói.


Como consegue 

ser tão duro?


Como segue

imune a si

desprezo 

que preza.


Preocupam-me

as rua perdidas 

nunca encontradas;

não endireitam,

monolíticas,

estreitos

becos. 


Não possuem 

oceanos profundos, 

furacões, 

tsunamis.


Remam, 

observam

o passado,

não aportam.


Preocupa ver seguir 

como se tudo 

fosse um nada.

PRISAO DO AMOR

 


Tenho um amor


prisioneiro de mim,


incapaz de libertar-se.


Tenho um amor


prisioneiro


das circunstâncias,


não há 


o que exista,


seja feito


que  o desnude.


Já não 


o reconheço mais,


sequer identifico


sua existência,


tão profundas


as entranhas


que o prendem. 


Está ali 


à espera


de uma declaração


de incapacidade,


redescoberta de si,


que não vem.


Passam-se os dias...


Tenho um coração 


incapaz de libertar-se


por si mesmo, 


carente,


coração de rua,


perdido


no tudo,


insatisfeito


do mundo. 


Amor que clama


por amor maior.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

HORÁRIO INTERIOR

 

As manhãs trazem
o frescor da renovação,
podemos voltar
a acreditar na vida,
tudo tem solução.
Nossas tardes
já se esforçam
por vencer,
degrau que posso
alcançar
com esforço.
Já a noite
se despede
de tudo,
faz o balanço inevitável,
apela a Deus...
Convivo tempos
que se imiscuem em mim,
produzindo história,
cada dia diferente,
enquanto caminho...
Todas as reações:
Vanderli Tiberio, Fah Fre Yah e outras 3 pessoas

ANO VELHO/ANO NOVO?

 

Viver é o principal...
atravessamos um ano
Alcançamos a dobra
de um tempo,
que não pergunta,
não responde,
continua imperturbável.
O que farei amanhã
descortina um caminho.
Quem sou é o que faço.
Não me defino,
por desconhecimento.
A ação me define,
a palavra me definha.
Vou como quem
se descobre amplo,
com todas as possibilidades
em aberto
e sorrio com o desafio.

RECOMENDAÇÕES PARA O ANO NOVO

 

Vou me guardar um pouco
nesta passagem de ano.
Respeitar o tempo
que se acumulou em mim,
e se esvai assim que vem.
Guardar-me dos sonhos impossíveis,
eu que sonho tanto,
para não decepcionar-me,
mas sem destruí-los...
são os mais verdadeiros.
Guardar-me da frigidez,
e seja eu sempre
meio imperfeito
meio excitado,
de quando em vez.
Guardar-me dos meus limites
constantes ondas batendo
em arrecifes,
rochas de fé
e conhecimento.
Guardar-me do passado,
permanentemente refeito
em descobertas presentes;
e do futuro,
esquecido no agora.
Guardar-me do desamor,
tão fácil e corriqueiro,
na busca do amor,
tão difícil,
crítico de mim.
Ah...o ano que se vai,
que vá logo,
fique para trás,
porque vejo
e ainda busco vida
escondida nos olhos,
nos livros,
na caneta,
papel...

ONDE TE ESCONDES?

  Onde escondi  os versos  que não recitei,  o coração  que não guardei,  quando passavas  por mim? Explodiam  como loucos,  desordenados,  ...