RESÍDUOS

 


Uma faca na gaveta,

a conversa cortada,

o lírio no jardim, 

a aranha na parede.


Espera que não passa, 

sonho que resiste. 


Olhos vasculham 

pedacos soltos da casa, 

não se lembram.


Houve um tempo 

em que tudo se ajustava, 

as horas não passavam...


As fotos acendem luzes, 

os óculos atrapalham, 

as portas abertas 

despedem-se do tempo.


Quando as estações voltarem 

quem sabe cante 

a esperança 

desfalecida.


Vou como quem sabe 

não haver volta, 

decide seguir.


Hoje o Sol recusa

atravessar nuvens, 

traz o cansaço do Sheol,

namora a impossível Lua, 

escondida na Terra.


Gira gira gira, não alcança.


Também sigo 

neste giro perguntando:

-Onde estás?

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