Pular para o conteúdo principal

Qual verdade cala no mais fundo de nossos corações?

Algumas vezes, na vida, somos como um pêndulo, ora considerando as palavras de uns, ora de outros. Guerras são abominadas, outras justificadas; passeatas desejadas, outras importunas.
Parece que a coerência viajou para a "Terra do Nunca", e vagueamos como as ondas, dependentes das fases da Lua.
As grandes lutas, heroicas, fundadas em grandes análises das estruturas, fazem-nos encher os pulmões e acreditar na justeza de nossos princípios. Mas, a Humanidade é mais do que isto, ela tem passagem obrigatória pelos corações, e o coração, como sabemos, não coloca a questão da vitória ou da derrota, mas a da compreensão. Coração não se compra, se vende, mas pondera.
Talvez por isso João Goulart tenha preferido deixar o país, em vez de resistir à partir do Rio Grande do Sul, ou os Canudos tenham ameaçado com o armistício com o governo brasileiro, ante a oferta de ajuda argentina.
Assim agem o coração. Ele evita a morte, o confronto, e propõe saídas, não derrotas ou vitórias.
Por isso a ciência não consegue obter as grandes soluções, e deriva à serviço de todo tipo de correntes políticas e filosóficas.
No fundo do coração há uma estante de livros com páginas em branco. Já não fazem o estardalhaço de antes, nem convencem mai ninguém. Aguardam novas palavras, não verbais, linguagem superior, ininteligível.
Ali mesmo, no coração, ecoa um chamado mudo, para a surdez de nossos dias.
Percebemos a necessidade de calar-nos para o tudo que nos rodeia, se quisermos decifrar-lhe. Não tem pressa, mas sabe que temos prazo de validade.
Poucos, muito poucos se disponibilizam para este chamado, submersos que estão em seus afazeres inócuos.
Quem chama está no além?, no aquém? Certamente. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Homenagem a frei Giorgio Callegari, o "Pippo".

Hoje quero fazer memória a um grande herói da Históra do Brasil, o frei Giorgio Callegari. Gosto muito do monumento ao soldado desconhecido, porque muitos heróis brasileiros estão no anonimato, com suas tarefas realizadas na conquista da democracia que experimentamos. Mas é preciso exaltar estas personalidades cheias de vida e disposição em transformar o nosso país numa verdadeira nação livre. Posso dizer, pela convivência que tive, que hoje certamente ele estaria incomodado com as condições em que se encontra grande parte da população brasileira,  pressionando dirigentes e organizando movimentos para alcançar conquistas ainda maiores, para melhorar suas condições de vida. Não me lembro bem o ano em que nos conhecemos, deve ter sido entre 1968 e 1970, talvez um pouco antes. Eu era estudante secundarista, e já participava do movimento estudantil em Pinheiros (Casa do estudante pinheirense - hoje extinta), e diretamente no movimento de massa, sem estar organizado em alguma escola,