ESCREVER?
Não
me deixem
escrever.
Não
me tirem
do torpor,
vivência.
Não
me permitam
relatar
algo
que suplante
O acontecimento.
Que eu viva
o beijo
o afago,
a ausência
o silêncio,
costure
grandes
encontros ,
penetre
campos
virgens,
altas
montanhas,
onde
versos
esvoaçam
livres.
Que o belo
reflita amor,
ressuscite
mortos,
as abelhas
ensinem
o segredo
das flores,
e aromas
inspirem
virgens
pagãs .
Escrever,
envergonhar-me
das limitações,
atraso
das sensações?
Deixem
o sabiá
cantar
na noite
escura,
morcegos
guiarem-se
no Sol negro.
Mas
há queda
maior
de sentido.
Multidões
andam
esquecidas
pelas calçadas.
Escondem
dores
profundas
sofrimentos
imensos.
Então
vergo-me
à realidade
da vida,
pego
a caneta
e escrevo,
porque
não há
beleza
sem
vida.
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