MOTO CONTÍNUO

 


Estou 

me gerando.


Não deixei 

o parto,

reparto

épocas 

inteiras 

com cada 

um de mim.


Sussurram, 

ascendem, 

perdem-se.


Mesmo 

a idade 

esconde 

o tempo 

no presente, 

presenteia 

o novo, 

lança 

anzóis

futuros. 


Quando cansa, 

como a lua,

dorme 

solene, 

esconde 

camada 

por camada, 

o poente,

anoitece. 


Chora 

pelo mundo, 

as guerras, 

as mortes 

precoces 

tardias.


Olha montanhas 

como deuses, 

como elo.


Permeia 

o ódio místico

dos ateus,

desperta

deuses

extintos


Descobre 

os pedaços 

soltos 

que se colam 

nas pessoas, 

se diverte 

dos encontros 

impossíveis.

 

Quando 

o sorriso 

vier, 

quem sabe 

possamos 

passear 

nas esquinas 

inocentes, 

onde tudo 

será  

uma grande 

surpresa.


Ali 

Apearemos

os alforges

amaremos

entre nebulosas 

desconhecidas 

esquecidos

de nós

que continuamos 

nos gerando.

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