Sou-lhe grato,
meu Senhor,
por permitir
eu seja pecador,
assistir
tantas quedas,
fracassar
tantas vezes.
Muito grato
por entender
o meu amor
complexo,
extravasado
pelos cantos,
até doentio.
Sou-lhe agradecido
por suportar
arroubos
frequentes,
explosões
instantâneas,
a qualquer
gesto,
qualquer
notícia.
Obrigado
por substituir
a igreja
pelas ruas,
caminhar
a meu modo,
sua palavra
desaparecida.
Obrigado
por lutar
a meu lado,
sem nada
receber ,
apenas
acompanhando,
confiante
em mim.
Muito obrigado
pelo abandono
que me deste,
deserto
de paixões,
para,
sofrendo,
compreender
o mundo
e a profunda
solidão
do ser humano,
nas grandes
multidões.
Acariciar-me
como um amigo,
retirando
de si mesmo
a pecha de rei,
de seu reino.
É inumerável
a gratidão
que tenho por ti,
parido
e entregue
ao mundo,
com pai e mãe,
companheira,
filhos,
órfão de ti,
sem vê-lo
tocá- lo,
tu que brincas
de esconde-esconde,
invisível.
Obrigado
por deixa-me
assim
como sou,
repetindo
O Tu que és,
aprendendo
e variando,
nunca
em linha reta.
Permita apenas,
as noites frias,
possam entoar
teu silvo manso,
levantar-me,
saborear
teu silêncio,
saber
que me escutas
nesta neurose
freudiana.
Assim
caminharemos
neste pacto
de vida,
deixando apenas
uma tênue linha
de guia,
pesquisa
extra sensorial.
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