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O CANTO

 



A sujeira embaixo do tapete...
O que os olhos não veem
o coração não sente.
O sistema não dá
um ponto
sem nó,
amarração
que impede
o desmanche.
o canto
o nó
a sujeira
escondida
o doente
o faminto
o esquecido
o desprezado.
Percorro
largos espaços...
A vida é bela!
diz o burguês.
Sobram.
os cantos,
pequenos
espaços.
São sempre
expulsos
dos cantos,
versáteis
eremitas
Ninguém os quer...
Vão de canto
em canto.
Amontoam-se
entre cães
mortalhas
sonhos
pesadelos.
Disputam o nada
preces elevadas
sem passado
sem presente
sem futuro
sem lugar.
O canto
é o centro,
a verdade
desnudada.

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