INCONTIDO

 


Não me contenho, 

sou um aluvião permanente, 

cheio de monções e vazantes.


Expilo substratos indesejáveis 

deste fim dos tempos, 

como alívio alvejante, 

e absorvo desejos 

tecnológicos de IA, 

que nenhum profeta sonharia.


Não sei 

se me entro, 

ou me saio


Extravaso milhares 

de símbolos inúteis 

e disperso o dia 

em rotinas viciantes, 

revoltado.


Adquiro álibis 

para tantas obviedades, 

que ao final do dia 

mal me encontro, 

me identifico.


Sinto-me no limiar do nada, 

entre imaginações 

fortuitas, 

e um germe 

que não rompe invólucros, 

insiste em permanecer ali,

latente.

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