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DERRADEIRO (em memória de Jorge Barroso)

 



Ao final 

tudo é derradeiro, 

desemboca 

na mesma foz.


Ser feito assim, 

ou assado, 

tem sua verdade 

até a consumação, 

quando percebemos 

o mesmo destino 

dos opostos..


O rio corre para o mar...

as nuvens passageiras 

se vão...

capturo logo 

o sentido dos ventos

no afã invisível 

dos movimentos,

peixes em corredeiras, 

aves longínquas 

apreciam campos 

íngremes escarpas.


Vou como quem vê o fim 

e não se importa, 

marco a presença 

dos pés na terra, 

e percorro...


Depois vejo

o que ficou, 

se fincou âncoras,  

adernou-se 

no caminho.


Depois vejo

se cresceu, 

emudeceu, 

ou transformou.


Arranco do fundo 

das entranhas 

a enzima da vida, 

corrida, 

escorrida,  

e a prendo 

entre os dentes, 

cerrados.


Onde vou dar 

neste mar, 

é um dilema 

pouco meditado 

da busca 

de um diadema oculto, 

em algum lugar


Observo o balanço 

dos acontecimentos, 

como uma gangorra, 

ora vento em frente, 

ora  atrás... 

e sigo essa aventura 

chamada vida, 

que nunca tem tempo, 

lugar, 

até encontrar 

o oceano imenso

à espera, 

e cumprimento, onde vai dar

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