
D. Samir Nassar, o arcebispo maronita de
Damasco, fez chegar uma carta à Fundação
AIS sobre o que classifica ser “o êxodo
dos cristãos do Médio Oriente”
D. Samir - que esteve em Portugal em Dezembro de 2013 a convite da
Fundação AIS, tendo então consagrado o povo sírio a Nossa Senhora
de Fátima -, refere nesta carta que muitos acreditam estar próximo o fim
da presença cristã em muitos locais da região.
“Alguns relatos dão apenas dez anos para que se feche a página do
cristianismo no Médio Oriente”, escreve o arcebispo, acrescentando,
no entanto, considerar esta como uma “visão pessimista”.
Apesar disso, acrescenta, “a experiência mostra uma crescente e alarmante
emigração”. Na referida carta, D. Samir explica que “o tema das
discussões diárias” entre a comunidade cristã “é como sair” do país.
Não importa como. Todos parecem dispostos a “ir para qualquer lugar,
de qualquer maneira, mesmo que isso signifique assumir enormes riscos”.
Esta onda forçada de emigração atinge principalmente os jovens. “Dado
o impasse” desta “guerra absurda que já dura há tempo de mais”, diz
o prelado, “os jovens representam o maior grupo dos que pretendem
sair do país”, fugindo da incorporação militar.
Assim, resta a dúvida: “Qual o futuro de uma igreja sem jovens?”.
Será este “o fim fatal do cristianismo apostólico numa terra bíblica”,
tornando-se “refém da violência e da intolerância em nome de uma
fé radical que nem apoia o pluralismo nem aceita diferenças”? -
pergunta o prelado.
No documento, D. Samir Nassar antecipa alguns dos caminhos que
poderão vir a ser seguidos pela Igreja na Síria: acompanhar os fiéis
nos países da diáspora e ajudá-los a manter a sua fé tradicional, ou,
então, procurar estabelecer alianças com outras comunidades
minoritárias para defender os seus direitos face a um “intolerante” islão.
Na carta enviada à Fundação AIS, D. Samir adianta ainda outros cenários
para a comunidade cristã, que passam por procurar, eventualmente,
garantias de proteção das autoridades governamentais, ou, então,
“aceitar viver sob a sombra do Islão e continuar uma vida cheia de
dificuldades e de desafios”.
Qualquer destas soluções implica, nas suas palavras, um futuro
sombrio. Diz o arcebispo que “os Cristãos do Oriente enfrentam
uma escolha quase suicida”. É, prenuncia, o “crepúsculo”
da Igreja na região.
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