.Não tive tempo para ser poeta, os enfermos aguardam palavras nem sempre rimadas, mas compreensivas, e até o silêncio como companhia. Estive em inúmeras reuniões, às vezes inflamando mentes, outras vezes, apenas ouvindo, sem versos. Tenho um certo nojo, e me envergonho quando elogiado; bem antissocial, antiacadêmico. Meus recitais tem sido mais em praças públicas, quando são: expressam mais gritos de guerra, que o deleite de corações. Uma marca horrenda me prende ao mundo, e não me permite transcender. Tem o gosto de fome, o frio das ruas, as portas fechadas. Tem poderosos sorridentes, religiosos interesseiros, as forças das armas, e um povo mudo e ignorante. Como ter tempo para ser poeta? Não foi principal em minha caminhada ; ficou nas dobras das esquinas, nos beijos não revelados, declarações nunca feitas. Sim amo! Mas tenho amor maior a dar, sempre insatisfeito. Ando no escuro de tudo, tateando, nada inteiro, acabado. Quem me conhece, engana-se. Assim perdi o humor. Hoje, meu sorriso me envergonha. Também o ódio superei, deixo-o para os fascistas. Minha diversão é uma bicicleta e a curiosidade pura das crianças. O resto é um tédio convite ao suicídio. Mundo devorador e desumano. Mundo de morte e opressão. Como ser poeta? João Paulo Naves Fernandes, em mais uma incompreensão comigo mesmo, ou de mim, com o mundo, ou tudo isso junto, e mais alguma coisa. Meg atravessa tudo isso junto de mim.
Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte, ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod...
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