A multidão vive
palavras sem rimas,
tendo a sobrevivencia
como companhia.
Estive
em inúmeras encontros,
às vezes
inflamando mentes,
outras vezes,
apenas ouvindo,
sem versos,
aversão
inerente,
teimosa
a tudo,
antissocial,
antiacadêmica.
Meus recitais
são em praças públicas,
quando são:
expressam mais
gritos de guerra,
que o deleite
de corações.
Uma realidade
horrenda
me prende
ao mundo,
não permite
transcender.
Tem o gosto de fome,
o frio das ruas,
as portas fechadas,
poderosos sorridentes,
religiosos interesseiros,
as forças das armas,
mais um povo
mudo e ausente.
Como ter tempo para ser poeta?
Não foi principal
diante da realidade;
ficou nas encruzilhadas
dos caminhos,
sulcos de beijos,
declarações por dar.
Inacabado,
esbarro
em trajetos,
pessoas,
teorias,
grupos.
Diverte-me
a gestação
das sementes,
o casamento
com a natureza,
passeios fugidios,
a sinceridade
das crianças.
O resto é um tédio
convite ao suicídio,
mundo devorador,
desumano.
Mundo de morte
opressão.
Como ser poeta?
João Paulo Naves Fernandes.
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