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INSÔNIA

. Eu nunca me contive nos limites que se me apresentavam. Isto, por toda a minha vida. Nada me satisfazia. Buscava além da liberdade, da paz. Ousava-me forçar. Era natural, humano. Nunca entendi esta sociedade que vomita regras e ofende a descoberta. Fiz um pouco de tudo. Até direito fui, aos olhos de minha mãe. Mas tinha que nascer, todos os dias, e morrer antes do fim. Amei e desejei mais do que amei. Tive amizades transgressoras, hoje ordeiras. Odeio os opressores de todos os matizes. É o que existe em abundância por aí. Quem sabe ser perseguido descobre a verdade completa. A maioria sente-se segura nas prisões morais, politicas, sexuais. Afrontam-se ordeiramente, ostentando uma humanidade robótica. Transgrido...transgrido....transgrido. Meu ser se esvai em inutilidades crescentes. Os ordeiros irão todos para o inferno, junto com suas falsidades. Me descubro enquadrado, estereotipado, desnaturalizado, possuído pelo demônio do dinheiro. Quem sabe Jesus Cristo saia da clandestinidade e destrua os monumentos que lhe erigiram. A revolução me assombra todas as noites, como resgate total. Ergo os braços como um afogado busca a superfície e fecho os punhos como recusa inconsciente da ausência da libertade. Despeço-me destas ideias, que amanhã farão parte do meu subconsciente, esquecidas. Sinto, por todos nós, exímios atores.

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Soneto de Dom Pedro Casaldáliga

Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga

UM CORPO ESTENDIDO NO CHÃO

 Acabo de vir do Largo de Pinheiro. Ali, na Igreja de Nossa Senhora de M Montserrat, atravessa  a Cardeal Arcoverde que vai até a Rebouças,  na altura do Shopping Eldorado.   Bem, logo na esquina da igreja com a Cardeal,  hoje, 15/03/2024, um caminhão atropelou e matou um entregador de pão, de bike, que trabalhava numa padaria da região.  Ó corpo ficou estendido no chão,  coberto com uma manta de alumínio.   Um frentista do posto com quem conversei alegou que estes entregadores são muito abusados e que atravessam na frente dos carros,  arriscando-se diariamente. Perguntei-lhe, porque correm tanto? Logo alguém respondeu que eles tem um horário apertado para cumprir. Imagino como deve estar a cabeça do caminhoneiro, independente dele estar certo ou errado. Ele certamente deve estar sentindo -se angustiado.  E a vítima fatal, um jovem de uns 25 anos, trabalhador, dedicado,  talvez casado e com filhos. Como qualquer entregador, não tem direito algum.  Esta é minha cidade...esse o meu povo

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

Eu que moro na Lopes Chaves , esquina com Dr.Sérgio Meira, bebendo atrasado do ambiente onde Mário de andrade viveu, e cuja casa é hoje um centro cultural fechado e protegido a sete chaves (que ironia) por "representantes" da cultura, administrada pela prefeitura... Uma ocasião ali estive, e uma "proprietária da cultura" reclamou que no passado a Diretoria da UBE - União Brasileira de Escritores, da qual fiz parte,  ali se reunia, atrapalhando as atividades daquele centro(sic). Não importa, existem muitos parasitas agarrados nas secretarias e subsecretarias da vida, e quero distância desta inoperância. Prefiro ser excluído; é mais digno. Mas vamos ao importante. O que será que se passava na cabeça do grande poeta Mário de Andrade ao escrever "Quando eu morrer quero ficar". Seria um balanço de vida? Balanço literário? Seria a constatação da subdivisão da personalidade na pós modernidade, ele visionário modernista? Seria perceber São Paulo em tod