Tenho um antigo relógio em casa, um carrilhão.
Precisa de dar cordas, de tempo em tempo.
O ajuste do tempo é uma arte, regulada no pêndulo, fazendo subir ou descer o peso na base.
Adianto-o, e vagarosamente vou suspendendo o peso para reduzir, ao poucos o atraso.
Ele é sonoro, suas badaladas tocam, de forma crescente, o canto do Avê Avê (sic) Ave Maria.
Ele vem de família, lembra mamãe, que o colocou ao final da escada, para quem subisse.
Assim, aproveitavam e se inteiravam das horas. Eu era pequeno e pouco conhecimento tinha.
Hoje, este relógio bate saudades, bate lembranças, bate uma vida que não retorna mais.
Era feliz, sem teorias. Hoje faço memória de tantos, por este relógio antigo que teima em continuar.
Descubro que me tornei este carrilhão, e teimo igualmente em viver alegre, sem ponteiros, cordas, pêndulo, minhas badaladas da vida.
Torno-me este carrilhão aos meus netos, marcando com amor a infância de suas vidas
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