O PEDAÇO DE MIM

 


O pedaço
nunca desgruda,
ciúme do inteiro.

Não
se sente
parte.

Não aceita
sua condição,
quer banir-se.
Não consegue.

Não aceita
a ordem
que oferecem,
rebela-se.

Os dias passam...

O pedaço
grita
só!

Envelhece
gritando
sem luta
sem mortes.

Um dia
olhando
a copa
as árvores,
decidiu
calar-se,
deixar
de ser
pedaço.

Passou
a ler
línguas
mortas
extintas,
passou
a excluir
o sonho
das refeições.
Não despertava
mais.

Não viu
mais
razões
em tudo.

Não fez
nada
mais
porque
tudo
perdera
completamente
o sentido,
era
previsivelmente
velho

Decidiu
então
dar um
grande
adeus.

Hoje
berra
muito,
contra
a imensa
prisão
do mundo.

O que será
do pedaço

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