As ditaduras são secas, de pouca conversa, preferem bocas fechadas.
Quando falamos, saímos de dentro para dizer, o que somos, o que pensamos, o que desejamos.
Abre-se, então, a dimensão da vida como ela é.
Este sair possui várias formas de expressão, e a poesia é uma delas.
Ela provém de uma fonte indefinida onde a dor, a fome e a exclusão ainda não se metabolizaram em palavras, estão aí em estado latente, no caldeirão da vontade, em ebulição.
A poesia decifra os meandros do dia a dia, os espaços apertados da sobrevivência, os pratos vazios da ordem, e aponta diretamente ao coração o alento e a clareza necessários para manter a esperança acesa.
Nem sempre é bem vinda, porque a rudeza da vida atinge a todos, mesmo aos esclarecidos, nem sempre abertos à sensibilidade necessária para interagir com quem sofre.
Ela rompe as barreiras gerais e abre um diálogo íntimo entre o eu e o nós.
Descobre as partes ocultas de quem sofre e as desnuda, conscientiza.
A humanidade não deseja a poesia porque ela, em sua linguagem questiona, ao mesmo temo em que implanta sua liberdade, porque a poesia é liberdade.
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