Vou me guardar um pouco
nesta passagem de ano.
Respeitar o tempo
que se acumulou em mim,
e se esvai assim que vem.
Guardar-me dos sonhos impossíveis,
eu que sonho tanto,
para não decepcionar-me,
mas sem destruí-los...
são os mais verdadeiros.
Guardar-me da frigidez,
e seja eu sempre
meio imperfeito
meio excitado,
de quando em vez.
Guardar-me dos meus limites
constantemente batendo
nas arrecifes,
ondas nas rochas da fé
e do conhecimento.
Guardar-me do passado,
permanentemente refeito
em descobertas presentes;
e do futuro,
esquecido no agora.
Guardar-me do desamor,
tão fácil e corriqueiro,
na busca do amor,
tão difícil,
crítico de mim.
Ah...o ano que se vai,
que vá logo,
fique para trás,
porque vejo
e ainda busco vida
escondida nos olhos,
nos livros,
na caneta,
papel...
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