UM DIA...

 Um dia  tudo se apaga.


Os aromas e sabores 
que permearam o caminho 
perderão sentido.

A grande busca 
terá enfim 
sua descoberta.

Não mais 
serão necessárias 
tantas noites despertas, 
tanta reflexão 
no abismo profundo 
do ver-se.

Não mais 
as grandes prisões 
do amor, 
a esperança dizendo 
a si mesma que pode.

Data derradeira 
entre a crença e a morte, 
data póstuma oculta e revelada. 

Quem sabe os lírios 
se abram enfim, 
e proclamem a eternidade 
do belo no agora, 
quem sabe 
estávamos mortos 
e não sabíamos,  
quem sabe o novo 
saia do invólucro, 
renasça 

Importa caminhar ermo, 
encontrar este e aquele, 
importa amar, 
este frágil elo 
que tudo sustenta, 
divertir-se dos passos, 
dos saltos, 
das quedas, 
e esperar, 
como se tivesse 
de se apresentar 
em algum grande 
tribunal do nada, 
que tudo sabe.

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