Um dia tudo se apaga.
Os aromas e sabores
que permearam o caminho
perderão sentido.
A grande busca
terá enfim
sua descoberta.
Não mais
serão necessárias
tantas noites despertas,
tanta reflexão
no abismo profundo
do ver-se.
Não mais
as grandes prisões
do amor,
a esperança dizendo
a si mesma que pode.
Data derradeira
entre a crença e a morte,
data póstuma oculta e revelada.
Quem sabe os lírios
se abram enfim,
e proclamem a eternidade
do belo no agora,
quem sabe
estávamos mortos
e não sabíamos,
quem sabe o novo
saia do invólucro,
renasça
Importa caminhar ermo,
encontrar este e aquele,
importa amar,
este frágil elo
que tudo sustenta,
divertir-se dos passos,
dos saltos,
das quedas,
e esperar,
como se tivesse
de se apresentar
em algum grande
tribunal do nada,
que tudo sabe.
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