sábado, 27 de setembro de 2025

MOVIMENTOS

 


Abandonei-me...

deixei o barco 

seguir a corrente. 


Enquanto isso, 

observava quão vão 

eram as iniciativas 

de correção do rumo..


Porque vinham ondas 

de todos os lados, 

sacudiam todos os projetos...

eram como pesos 

jogados ao mar.


Apoie-me no que podia 

para não afundar.


Quando os ventos cessaram, 

e o tempo acalmou-se, 

pude sentir 

a brisa da esperança... 

era a chance 

de pegar novamente a vela, 

e conduzir-me.


Às vezes 

deixo levar-me 

durante as tempestades... 

às vezes, 

sigo como quero.


Não me apequeno, 

não me orgulho 

de nada, 

compreendo 

as grandes monções, 

e os longos desertos, 

e sigo como posso, 

conhecedor...

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

CATARSE

 


Alguém me interpela 

pela noite...


Ouço o ruído 

das gotas de chuva...

formam ritmos  

no telhado 

esquecido.


Ouço o badalar do tempo 

fechando as horas, 

contagem regressiva 

de um novo dia.


Ouço o coração...

seus batimentos 

agora 

acalmam-se 

da realidade diária, 

exigência de sobrevivência.


Um silvo agudo ouço , 

constante, 

nos ouvidos...

só perceptível 

em meio a noite, 

assemelha-se a um chamado 

permanente


Ouço minhas indagações 

de vida, 

não encontram tempo 

em outros momentos,

justificam-se, 

sugerem novos caminhos.


Ouço também a voz 

do coração , 

busca o pensamento , 

não o encontra, 

descanso dos sorrisos fartos , 

lágrimas guardadas...


Só assim vou 

percebendo 

meus compartimentos, 

alguns bem visíveis , 

outros mais ocultos, 

até os guardados 

a sete chaves...

ocuparam lugar, 

com o tempo, 

em minhas expressões,  

quem me conhece,  

identifica-os. 


Minhas portas 

abrem-se às noites,

e sou visitado...

desejaria, 

às  vezes, 

que estivessem fechadas...

nunca sei quem vem


Aguardo sempre 

a vinda do amor oculto,

não tem hora para chegar...

passo o tempo no escuro 

esperando sua vinda.

 

Quando vem, 

traz consigo a timidez,  

raramente fala comigo...

sinto-lhe o toque, 

ao perceber que chegou...


Brinca de esconde esconde, 

faz o jogo do advinha, 

na maior parte das visitas

derrama sua imensa afeição 

gratuita, 

só para que note 

que não sou apenas 

carne e mundo.


Deixou-se um livro 

onde esconde 

seus segredos, 

até hoje os decifro.


A chuva já vai cedendo

e o galo desperta 

o relógio da natureza.


Hoje deixou-me a grafia...

quem sabe amanhã?

quarta-feira, 24 de setembro de 2025

BUSCA OCULTA

 


Minha consciência distrai-se 

em seus contornos. 


Acrescentei aos pensamentos o amor.


Semelhante a embriaguez, 

passei a apurar a visão 

de mim, 

do mundo.


Meus olhos 

multiplicaram 

olhares, 

os detalhes 

mal escapam.


Foi como uma luz 

que desceu, 

descoberta divina 

da humanidade.


Até a revolta 

ressoa 

diferente, 

indignada, 

com doses de serenidade.


Ainda busco a consciência, 

ainda me distraio.


Perseguidor de mim, 

escapo facilmente, 

e me vejo sempre 

meio distante.

terça-feira, 23 de setembro de 2025

TODO DIA...

 


Todo dia é um desafio.


Levantar para conquistar.

Deixar sonhos, 

cair na real.

Sair do silêncio. 

encontrar ruídos.


Do monólogo 

para o diálogo, 

da oração, 

para a ação, 

do amar,

para o lutar.


Toda manhã é 

um programado 

inesperado.


Esquecer beijos, 

guardar distâncias, 

deixar cobertas, 

desafiar o tempo, 

sair do jejum, 

alimentar-se.


Todo dia  é uma luta 

das derrotas 

do passado, 

para as conquistas diárias, 

do corpo hibernado 

para o suor molhado.


Todo dia somos 

os que continuam acreditando, 

apesar de tudo, 

seguindo uma força interior 

que nos impele a viver.


Até morrer seguirei 

este ritual de vida, 

distinguindo Sol e Lua, 

acompanhando as horas 

que não param...

sexta-feira, 19 de setembro de 2025

PASSO A PASSO

 


Passo a passo é como faço.


Aprendi a respeitar o caminho, 

ele é longo, 

exige doação diária.


Sair, 

confraternizar-se

com as pessoas 

nas ruas, 

conhecer, 

participar 

de suas realidades 


Há muito por se descobrir e aprender. 


Muito por se doar. 


Sempre será insuficiente. 


Sempre estaremos por fazer. 


Não se pula etapas, acumula-se


É assim a vida...

passo a passo.

terça-feira, 16 de setembro de 2025

SOU MEIO ASSIM...

 


Às vezes eu sou 

meio como o cachorro, 

muito fiel, 

fácil perdão. 


Outras vezes sou 

como o gato, 

tranquilo, 

observador, 

independente. 


Como o sabiá 

gorjeando 

aos quatro cantos 

indecifráveis 

linguagens... 


O beija flor, 

drone natural

retirando o néctar 

para o amor...


O urubu, 

voando alto 

ao vento quente, 

prazeiroso do mórbido.


Sou o ornitorrinco, 

misturo gêneros, 

naturalmente, 

sem discriminação 


Ainda sou 

como as árvores, 

firmado em boa base, 

copa balançando ao vento.


Sou grama, 

amacio passos...

flores, 

exalo perfumes, 

odores, 

desperto olhares. 


Sou nuvem, 

vejo de cima...

não notam, 

despercebidos. 


Chuva, 

incomodo 

fora de hora,

desalojo a ordem...


Sol escaldante, 

queimo resistências 

testo limites 

físicos, 

psicológicos...


Terra, 

quantas civilizações 

fizeram parte de mim, 

nem sei quantos 

me compõem 


Peixe...

meio luz, 

meio frio, 

observo os convés, 

cascos, 

distraído aos anzóis 


Mosca, 

da hora errada,

do que não é meu.


Formiga, 

a trabalhar fora, 

em casa...


Pedra, 

imutável 

inquebrável, 

concentro eras....


Às vezes sou vírus, 

vivo do alheio, 

transmissão 

indesejável.


Serpente, 

observador, 

paciente,  

inesperado.


Sou um alguém assim, 

meio integrado 

ao mundo 

que me integra, 

nada maior, 

nada menor, 

igual.


Sou o mundo, 

o mundo está 

em mim...

domingo, 14 de setembro de 2025

CORAÇÃO & EPIDERME

 


Por vezes tenho saudades de mim, 

profundidades inalcansáveis, 

de tudo o que poderia ser


Explosões de perguntas, 

das várias fases, 

emergem desordenadas 

no agora noturno,


Passam pelo grande 

crivo da consciência, 

retém corredeiras insanas.

prisão das superficialidades, 

suas soluções débeis, 

poço  das perguntas 

não formuladas, 

onde Deus se esconde


Desperto 

desencontro puro, 

vazio de esquecimentos, 

roubo do tempo.


Quando tudo se acalma, 

uma voz quase extinta, 

chama do nada, 

baixinho

quase nao ouço, 

mal atendo. 


E toda a carga 

da experiência,  

se apresenta logo

como anteparo 

para que ela 

nao se expresse,  


Uma verdade, 

aguarda maturação 


Sobra o coração 

a epiderme, 

para a mística,...

o abandonar, 

deixar acontecer.

PRIMAVERA

 !!!


Vejam!

As portas estão abertas...


Agora é possível sair por elas.


Pareciam fechadas, 

impunham barreiras.


Do lado de fora 

há um Sol radiante...

é primavera.


Os ipês amarelos ocupam 

os lugares nas praças.


Vejam, 

as famílias vão 

aos parques divertirem-se 

com seus filhos,

porque a paz está de volta.


A esperança está deixando 

de ser esperança 

para realizar-se enfim 

em cada um de nós.


Está nas nossas mãos 

o sair e construir 

um mundo novo.


Maior é o  coração 

que pulsa livre...

maiores que sejam 

os problemas.


Então bora construir 

um mundo novo

novo país, 

encontrar novas solucões 

para as novas questões. 


As janelas estão abertas!


E possível ver 

campos esverdeados,

flores... 

sentir  aromas, 

a diversidade de cores.


Convide o seu amor 

pegue pelo braço e saia!


As portas estão abertas!

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

ABRIGO

 


Guardo escondido 

um abrigo, 

deste mundo. 


Colhe dúvidas 

do grande percurso, 

busca razões.


Enquanto não explicam 

distraem-se nas paisagens do tempo. 

buscam lógicas explicações.


Outras perdem-se

em incômodas dúvidas, 

interrogam....


Outras fluem aquáticas, 

pororocas na boca, 

satisfeitas...


Um outro abrigo, 

escondo ainda, 

de mim próprio, 

mais profundo... 


Deste nem elaborei perguntas...

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

7 DE SETEMBRO OU 04 DE JULHO?

 O Brasil está se tornando um país surrealista.

Os fascistas fizeram uma manifestação na data de nossa independência, e estenderam uma bandeira norte americana em que, só a largura, ocupou todo o espaço das duas vias da avenida Paulista.

Somaram mais de 40.000 pessoas, provavelmente financiadas com lanches, ônibus e algum dindin do empresariado entreguista de São Paulo

Tendo a pensar que sejam desejam ser anexados pelos EUA, e estejam clamando a Trump que invada nosso território nacional para tornar nossa terra mais um estado norteamericano. 

Afinal Trump já enviou uma frota com submarinos, fragatas e até jatos  no seu afã sequioso de poder para a América Central provocando e esperando que alguém caia na provocação...

Estamos confiantes de que a maioria do povo brasileiro ainda tenha discernimento de escolher a democracia em lugar do fascismo em 2026.



CLAMOR OCULTO

 


Sou um carente, 

preciso de gente.


Procuro quem me ouça  

que seja um instante, 

porque estou só...

só de humanidade.


Talvez outros sejam mais carentes, 

passem por maiores dificuldades.


O afago falta, 

nos deixa vulneráveis,  

o desprezo mata.


Se alguém ouvir e vier 

poderemos trocar 

nossas dores 

disfarçadas de amores.


Alguém está ouvindo?

sábado, 6 de setembro de 2025

SINTÉTICO

  


Tenho me detido 

por trás das palavras, 

no meio delas...

a ponto de perder o sentido,  

em múltiplas escolhas.


Passo o tempo 

decifrando sentidos ocultos 

nas superfícies das letras 

e suas músicas invisíveis. 


De quando em quando compreendo 

mais o gorjear  dos pássaros 

que a inundação de verbos inodoros 

sobre o dia de sobrevivência. 


Cada vez falo menos, 

carrego junto a alegria.


Admiro os mudos, falam mais


 Busco ser sintético

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

Passando o Olhar...

 


Ainda posso encontrá-la no tempo.


Se passou, 

lá vivemos, 

jamais nos esquecemos.


Também posso vê-la a frente;

se chegar, 

poderei experimentar, 

modelo permanente de convívio.


Melhor vê-la agora, 

assim, deitada ao lado,  

em sua sinuosidade silenciosa.


Melhor amá-la além palavras,  

respiro vida.

SER OU NÃO SER

 


Os espaços que busquei, 

não vieram... 

os que não busquei, sim.


Construi um edifício 

que me foi dado, 

outro está nos alicerces.


Procurei por Deus 

e tenho a sensação 

de não ter nem mesmo 

limpado o terreno, 

de repente, ei-lo presente


Os amores que surgiram, 

voos cegos, 

geraram desejos insólitos, 

além convivio, 

terreno onde finquei a paz. 


A morte que evitei, 

porque sob o Sol

não vejo além, 

está sempre presente, 

como fiel escudeira. 


O caminho parece longo, 

inalcansavel, 

cada trecho parece um fim.


Assim vou 

nas reentrâncias da vida, 

encontrando-me 

enquanto me perco,

sendo o que não sou, 

não sendo o que sou

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

LIMITES

 


Vou cultivando meus senões, 

reconhecendo 

a ausência de respostas, 

perguntas a formular.


Interrogações 

caminham distraídas 

na existência.


Cultivo entrópico, 

acrescenta 

permanentes 

ambiguidades, 

corrije rotas.


Não existem sustentações...

terreno alagadiço 

dos limites 

da compreensão.


Melhor o conforto 

das grandes rotinas, 

trajetos conhecidos.


Melhor incorporar as dúvidas aos passos.


Os dias, por si só, 

recobrem de importância 

o nada que afoga, 

amainam.


Fica um pouco 

da inconsciência 

que alenta a vida, 

enquanto transporta 

os limites do tatear

terça-feira, 2 de setembro de 2025

EM TEMPO

 

O passado é uma porta entreaberta.

O futuro, o inííício de uma claridade,  

O presente um palco de representações


Sou memória!

Sou esperança!

Sou ação!


O passado é um valor acumulado 

O futuro é um norte de perseverança, 

O presente é como realizo


Vivo a experiência acumulada!

Vivo a realização dos sonhos!

Vivo como experimento.


Não fecho a porta!

Não me acostumo à escuridão!

Não fujo da vida!

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

INDECIFRÁVEL

  


Teus olhos 

me perguntam 

a toda hora!


Consigo decifrá-los?


Já não enxergam 

mais tanto,

e no entanto, 

ainda me encantam...


Que questões 

escondem?


O que desejam, 

eu distraído das profundezas?


Passo o tempo 

vasculhando aquele olhar...


O que ainda não fiz, 

me perguntam!?


Sei apenas que devo agir, 

e coloco tudo antes 

de nada fazer.


Sigo uma arqueologia 

presente, 

inferindo porquês...


Me desejas um Deus 

que não sou, 

criatura que te adora?


Desejas que te cure, 

restabeleça sonhos 

sonolentos?


Preciso deixar crescer 

minha divindade,

porque assim, 

permaneço 

um servo incapaz...


O quê me perguntas?

ONDE TE ESCONDES?

  Onde escondi  os versos  que não recitei,  o coração  que não guardei,  quando passavas  por mim? Explodiam  como loucos,  desordenados,  ...