Turquia: Erdogan impõe o estudo do Alcorão em todas as escolas
Em vigor da reforma que estende o ensino da religião islâmica em todas as instituições, exceto as das minorias ortodoxas e armênias. Em risco o futuro da educação dos 200.000 refugiados cristãos sírios na Turquia
Por Redacao
ROMA, 15 de Setembro de 2014 (Zenit.org) - Uma reforma escolar abre a nova era da Turquia sob a presidência de Tayip Erdogan. De acordo com o projeto do Chefe de Estado o ensino e a educação religiosa, a corânica, deverá ser estendida a todos os tipos de escolas, de todas as classes e ordem. Até agora isso estava apenas limitado ao Imam Hatip Lisesi, as escolas religiosas destinadas a formar a futura casta religiosa turca, que só podia ingressar depois de fazer oito anos da escola obrigatória, mas agora poderá ser feito a partir do ensino fundamental.
A reforma - começada há um ano e passada despercebida - prevê a extensão dos atuais oito anos de escolaridade obrigatória para 12 anos, período em que será obrigatório o ensino da religião e da educação islâmica. Isso, relata a agência Asia News, será aplicado para este ano letivo.
Outra novidade significativa da nova Turquia de Erdogan é que também os graduados das escolas religiosas, ao contrário do que acontecia até agora, poderão ter acesso a todas as faculdades que dão o direito a postos-chave da administração pública.
O próximo passo da reforma será o ensino da língua árabe, até mesmo como uma segunda língua, de modo a capacitar os alunos a compreender o Alcorão, uma vez que em língua turca não há palavras que ajudem a aprofundar os ditames do livro do profeta.
Não só isso. Da obrigação de ensinar o Alcorão e educação religiosa corânica - explica Asia News – estão isentas as escolas das minorias ortodoxas e armênias, algo como 2.000 e 250 estudantes, respectivamente. As outras pessoas que não queiram frequentar as escolas públicas, a fim de evitar a instrução e educação religiosa terão que ir para as escolas privadas, que, devido às caras mensalidades, são privilégio dos ricos.
À luz disto, muitos se perguntam sobre o destino educativo dos milhares de cristãos da Síria, cerca de 200 mil, estabilizados na na Turquia, cujos filhos deverão frequentar as escolas turcas.
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