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TEMPO AO TEMPO

Vou dar 

tempo ao tempo. 


Que ele 

se rivalize 

com a forma 

como faço tudo 

e nada. 


Não adianto, 

não atraso.


Sigo o Sol,

as estrelas

mais que 

o dia

a noite.


Deixo estar...


O beijo sôfrego

antecipa atrasos,

 o amor não sofre.


Ponho-me de pé

diante da porta,

olho  fora

vigiando

a vinda

da brisa 

do fim da tarde.


Quando

escurece

o íntimo

saltita

contente,

os olhos

se põem

para dentro

e dou largos

sorrisos

solitários.


Acordo

como 

descobrindo-me.


Logo 

me dou conta

das imensas

estruturas

que me envolvem

 

Despeço-me dos sonhos,

dos entes 

fugidios

palavras soltas

envoltos

no lusco fusco,

alvorecer confuso

de dimensões

etéreas.


Deixo o dia

ir esvaindo-se

como eu

que anoiteço

sempre.


Onde estou?


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