NÃO VERBAL

 


Meu coração 

quer dizer algo, 

mas sua linguagem 

ainda não 

se transformou 

em palavras.


Talvez 

nunca consiga,

mitiga

mitiga,

fica

por ali

mesmo.


Aperta aqui, 

deixa algo 

no ar, 

indecifrável. 


Deseja

compreensão

sobrenatural.


No limite 

de sua mudez, 

mistura-se 

junto a face, 

sem identidade, 

clamando 

ser descoberto

de seu desterro. 


Atravessa 

as falsidades 

da razão, 

sempre 

tão ereta 

incólume.


Ah coração! 


Quanta vergonha 

faz passar 

os perfeitos, 

tão falsos.


Quanto desbravamento de ódios!

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como devia estar a cabeça de Mário de Andrade ao escrever este poema?

PLEBISCITO POPULAR

O que escondo no bolso do vestido - Poema de Betty Vidigal