Quanto mais tomo pé da verdade, menos participo de um grupo específico. Sobram diferenças. A verdade e a solidão são irmãs siamesas, coladas. Por conta disto sou discriminado. Sempre querem a adesão sem restrições, que não posso oferecer. Porque a verdade pede fidelidade. Sigo assim só, eu e a verdade, confrontando-me neste silêncio íntimo. Quisera ser o líder de todo um povo, um libertador, mas já não posso mais. Além da idade, está um desejo de que cada um seja o seu próprio líder. Porque quanto maior um líder, menos autossuficiente estará um povo. Choro pelos que se vão pelas diferenças, sem aceitar a diferença, e enxergo ainda o mundo muito falso moralista, com, no mínimo, duas faces: a da frente e a detrás, com linguagens diametralmente opostas. Consolo-me com Deus, em seu silêncio providente, em escutar esta angústia existencial. Pelo meu violão, traço novas notas e vou escrevendo uma nova canção, mansa harmônica para acalmar meu interior desnutrido de vida plena, de convivência.
Será uma paz armada, amigos, Será uma vida inteira este combate; Porque a cratera da ... carne só se cala Quando a morte fizer calar seus braseiros. Sem fogo no lar e com o sonho mudo, Sem filhos nos joelhos a quem beijar, Sentireis o gelo a cercar-vos E, muitas vezes, sereis beijados pela solidão. Não deveis ter um coração sem núpcias Deveis amar tudo, todos, todas Como discípulos D'Aquele que amou primeiro. Perdida para o Reino e conquistada, Será uma paz tão livre quanto armada, Será o Amor amado a corpo inteiro. Dom Pedro Casaldáliga
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