segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

FRESCOR MATINAL



Vivo das manhãs, 

do frescor, 

sobra da noite, 

em seu embate 

com o Sol.


Os primeiros voos...

saída dos passarinhos 

dos ninhos, 

quando ainda é cedo, 

e a mata dorme.


Vivo das sonolência humana, 

esquecida de sua voracidade diária, 

expulsam os poetas, 

porta a fora das casas.


Vivo de memórias 

permanentemente atualizadas, 

jovem que sobrevive mudo, 

apesar de tudo, 

idade oculta, 

contempla a beleza.


De grandes apagões, 

vivo nas manhãs, 

sem as lágrimas noturnas 

que remexem o corpo, 

nem confesso,  

sono que não vem.


Sou todo matinal, 

esboço sorrisos, 

converso com os periquitos, 

eles nos fios, 

eu nas calçadas, 

elogio suas penagens, 

desejaria abraçá-los,

na liberdade da ausência 

de gente 

descontente.


Pulmões que agradecem 

a fuga dos quartos fechados 

onde o amor se esconde.


Vivo de perceber a vida 

em tudo, 

escudo, 

antes que o Sol 

cresça no céu, 

desabe pessoas nas ruas, 

com suas ambições, 

armaduras, 

uns sobre os outros.


Ah manhã...

me despertas dos apertos.


Tu me salvas diariamente 

dos meus senões...

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