quinta-feira, 25 de dezembro de 2025

MINHA PRIMEIRA TRISTEZA



A minha primeira tristeza aconteceu quando descobri que, afinal, Papai Noel não existia.

Estava em um encontro de final de catequese, num salão cheio de crianças pré adolescentes, num casarão dos dominicanos, na Cardoso de almeida, Perdizes

A catequista, esqueci-me de seu nome (guardei por muitos anos, mas já esqueci), fez uma pergunta a todos e todas que lá se encontravam:

- Quem acredita em Papai Noel?

Eu fui o único a responder em voz alta, erguendo a mão, alegremente:

- Eu!  Eu!

Foi uma risada geral! Todas as crianças já sabiam que Papai Noel não existia.

Naquele dia, naquele exato momento, fui surpreendido,  não pela mentira que fizeram comigo por longo tempo, boa mentira, mas por Papai Noel não mais existir. 

Então não havia quem me mostrasse que o mundo era mágico e bom, e que fosse quem fosse, recebia seu presente sempre nesta época. 

Confesso que o mundo, onde a realidade misturava-se com os sonhos, existia de fato, e que agora tudo ruira.

Eram do meu pai e minha mãe, os presentes que recebia.

Tive que reciclar meus sonhos lá na juventude indo à luta por um outro mundo, sem opressores, mas era já outro tipo de sonho, sonho da dor de um mundo hostil. Sonho por outro mundo, novo.

Se me permitirem deixar uma recomendação aos nobres colegas, digo, sem pestanejar:

Não matem o Papai Noel! Não sejam vocês os que o matam! 

Deixem que o mundo faça este sonho cair.

Quem sabe Deus faça vir alguém que nos recomponha da morte de tão grande sonho, sonho real...

O menino Jesus ainda é muito pequeno e sem nada, para dar presentes...ah se o Papai Noel estivesse lá...

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